São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 2011 |
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JUCA KFOURI Apelo a Dilma
O DEPUTADO José Rocha (PR-BA), um dos últimos representantes da bancada da bola no Congresso Nacional, aquela que surgiu para dificultar a vida das CPIs da CBF e do futebol, inseriu no texto da medida provisória 502, que nada tinha a ver com o tema, a modificação na chamada Lei de Moralização do Esporte, acabando com a responsabilização de dirigentes pelo endividamento dos clubes. A proposta seguiu para sanção ou para veto da presidenta da República. Trata-se do estupro do espírito da lei e a volta do regime da irresponsabilidade total, o que levou os clubes à situação lamentável em que se encontram e ao Estado brasileiro fazer concessões como a Timemania etc. Enfim, será mais um prêmio aos que endividaram os clubes e, também, aos que se locupletaram dirigindo nossas entidades esportivas. Não será demais rememorar que o ex-presidente Lula assinou a Lei da Moralização no mesmo dia da assinatura do Estatuto do Torcedor, as duas primeiras leis a levarem sua assinatura, as duas únicas leis da gestão FHC aprovadas por unanimidade. Mas, tão logo se sentiu fortalecida para retomar suas malfeitorias, a cartolagem voltou a se mobilizar para se eximir e contou com a cumplicidade do velho Rocha, também presidente do Conselho Deliberativo do Vitória, da segunda divisão nacional. Não vetar o artigo contrabandeado pelo deputado manobrista será compactuar com incompetência na gestão, com a má-fé na administração, em duas palavras, com a ineficácia e a corrupção no futebol, duas das situações, infelizmente, mais comuns em nosso esporte. Tudo, portanto, que contraria o perfil de gestora moralmente correta e competente da presidenta. E nem ela nem o colunista são ingênuos a ponto de imaginar que um elogio tenha a intenção de conduzir ao constrangimento, como chantagem. O apelo aqui feito é genuíno, pelo que sei dela. O curioso nessa história toda é a sua aplicação sobre a questão relativa ao débito dos clubes perante o Clube dos 13, porque, se a Lei de Moralização ficar como está, o Clube dos 13 poderia comprometer diretamente o patrimônio pessoal dos dirigentes dos clubes devedores. Seria um trunfo considerável no impasse em que vive. Mas o Clube dos 13 foi, talvez, o principal artífice da modificação inserida pelo maleável Rocha. Como observa o jurista Roger Stiefelmann Leal, sob certo aspecto, é o feitiço contra o feiticeiro. blogdojuca@uol.com.br Texto Anterior: Com dores nas costas, Rogério é dúvida hoje Próximo Texto: Corinthians vai ao topo e seca rivais Índice | Comunicar Erros |
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