São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 2011

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Nobre arte

Drama , controle sobre a ação e instinto primitivo tornam o boxe o esporte preferido do cinema

Divulgação
Cena do filme ‘O Vencedor’, que hoje concorre ao Oscar

EDUARDO OHATA
DO PAINEL FC

SANDRO MACEDO
DE SÃO PAULO

Touchdown? Match point? Cesta? Gol? Try? Para Hollywood, definitivamente, vale mais um nocaute. Entre as modalidades esportivas, o boxe não só dá lucro para a indústria de cinema como também conquista a crítica.
Na cerimônia de entrega do Oscar, que acontece hoje, "O Vencedor" é o representante do ringue entre os favoritos pesos-pesados "O Discurso do Rei", "Bravura Indômita"e "A Rede Social".
Se é o azarão na categoria principal, o longa de David O. Russell tem bom cartel entre os finalistas para ator e atriz coadjuvantes, respectivamente com Christian Bale e Melissa Leo, premiados no Globo de Ouro e no Sindicato dos Atores, dois importantes termômetros da Academia.
"O Vencedor" segue uma linhagem antiga, que inclui "Menina de Ouro" (2004) e "Rocky" (1976) -premiados como melhor filme-, além de "A Luta pela Esperança" (2005), "Touro Indomável" (1980) e "O Invencível" (1949), entre outros indicados em diferentes categorias.
O segredo do boxe no cinema? Superação, obstinação e físico e mente levados ao extremo são características de diversos esportes, mas o drama humano vinculado ao boxe quase não tem paralelos.
Não há patrocinadores ou patrocinados nas produções de pugilismo. Há casa de apostas, corrupção. Não há lutadores universitários atrás de um sonho, mas sim o extinto mais primitivo, de lutar para comer ou dormir.
Quem não lembra da "Menina de Ouro" guardando um bife mordido por um freguês da lanchonete? Ou o pobre pugilista de Kirk Douglas em "O Invencível", que se perde ao conquistar a fama? E, para a plateia, o drama de um é sempre mais envolvente, comparado a um grupo.
No tênis, também individual, ninguém acorda cedo para beber clara de ovo ou treina em ginásios fétidos.
No basquete, vôlei ou futebol americano, o coletivo não desperta a mesma emoção. O drama precisa ser individualizado, como em "Um Sonho Possível", com Sandra Bullock, sobre a vida de Michael Oher, hoje astro da NFL.
Mesmo em "Invictus", o rúgbi, pouco praticado no Brasil e nos EUA, serve de muleta para a história da união do país -e converge na ação de um homem, o presidente Nelson Mandela.
Soma-se a isso o controle que um diretor tem sobre a ação de um ringue. O movimento de uma luta em "O Vencedor" é tão coreografado quanto o de uma dança em "Cisne Negro". Filmar um drible num espaço de 40 metros ainda é algo que 3D nenhum do mundo deu jeito.


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