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São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 2003

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AÇÃO

Faça chuva ou faça sol

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Há alguns anos, não muitos, a idéia de realizar um campeonato de surfe em Maresias, São Sebastião (SP), era abominada pelos frequentadores, paulistanos, que "descobriram" a praia e uma das melhores ondas do Brasil, ainda na década de 70.
Nos anos 80, moradores da região rivalizaram com pioneiros da capital a preservação da praia para eventos e, se fosse inevitável, quem teria o direito de organizá-los. Enquanto os grupos fundavam suas associações, pequenos campeonatos começaram a rolar e até incêndio criminoso a palanque aconteceu.
Como esse esforço tentava conter um processo, que os não-residentes preferem chamar de progresso, irreversível, os frequentadores assimilaram o golpe e, na década passada, houve uma explosão de provas em Maresias. Muitos dos que resistiam estavam lá no último fim de semana na etapa de abertura do circuito brasileiro de surfe profissional, o Super Surf, simplesmente porque o evento merecia ser visto.
Com uma organização muito competente e grandes patrocinadores, Volkswagen e Tim, que fizeram valer cada centavo investido, a prova marcou a estréia de um novo formato para a competição, com 80 competidores.
A idéia é dar oportunidade a novos talentos e acirrar a disputa entre nomes consagrados e emergentes. Mas há quem conteste. O formato se parece com o velho modelo top 16 e back 14, que privilegia a elite da elite.
O modelo terá mais quatro etapas para ser testado neste ano e ser ratificado nos próximos. A primeira experiência foi boa. Com a ajuda das ondas que estiveram grandes, não faltou emoção para quem estava na água competindo e na areia assistindo.
Outro fator que contribuiu para o espetáculo foi o uso de jet-skis para levar os atletas para além da arrebentação. A equipe da G Zero deu agilidade às baterias e permitiu aos atletas se preocuparem apenas em surfar.
Essa ajuda foi especialmente boa nas baterias femininas. A atual campeã brasileira, Andréa Lopes, ficou em terceiro, com as cearenses Silvana Lima e Tita Tavares disputando a final. Silvana, que foi revelação na temporada passada, acabou superada por Tita, que fora do Mundial deste ano irá se dedicar ao Brasileiro.
No masculino, Leonardo Neves, atual campeão, ficou em quinto, e Peterson Rosa e Sávio Carneiro disputaram a final, que valia uma Saveiro Volkswagen.
Peterson, melhor competidor brasileiro nos últimos anos, vinha mordido pela derrota na final da etapa decisiva de 2002, derrota que lhe custou o tetracampeonato. As ondas, grandes e tortas, favoreciam seu surfe de base segura. Sávio, um excelente competidor, chegava à sua primeira decisão de Brasileiro, mas surpreendentemente deixou passar uma onda quando tinha a prioridade que acabou definindo a bateria.
Rosa começou ratificando a condição de recordista dos 17 anos de circuito e saiu de carro novo de Maresias, que, apesar da chuva, provou ser um palco apropriado, ao menos para competidores e patrocinadores.

Remada
Amanhã, Marco Romano, 42, pretende dar a volta completa (120 km) na Ilhabela (SP) sobre sua prancha de surfe. Iniciando um projeto que termina com a travessia Florianópolis-Fortaleza.

Haja braço
E, no sábado, abrindo o Circuito Brasileiro, será a vez de as canoas havaianas darem a volta (80 km) na Ilha de Santo Amaro, vulgo Guarujá (SP). Prova que deve durar no mínimo sete horas.

Deslizando os sete cumes
Há nove anos, Stephen Koch, 34, escalou o Aconcágua e desceu de snowboard. Foi o início de uma aventura que pode terminar em breve no Everest, a última das maiores de cada continente.

E-mail sarli@revistatrip.com.br


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