São Paulo, segunda-feira, 27 de março de 2006

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FUTEBOL

Dispositivo, que estreou ontem, causa polêmica ao impedir Tevez de colocar o Corinthians em vantagem no clássico

Com microfone, arbitragem gera revolta

DA REPORTAGEM LOCAL

A idéia era usar a tecnologia para diminuir os erros da arbitragem. Mas ontem, o que era para ser a solução para polêmicas, gerou a maior confusão no clássico entre Palmeiras e Corinthians.
A federação paulista buscou equipar pela primeira vez os árbitros com fone e microfone. Os dispositivos foram usados por Cleber Wellington Abade, seus auxiliares, Ana Paula Oliveira e Evandro Luiz Silveira, além do juiz reserva Eduardo Dul. E foram os protagonistas do jogo.
Aos 30 minutos do primeiro tempo, Carlitos Tevez ganhou na corrida a disputa com o zagueiro palmeirense Leonardo Silva, tocou a bola entre suas pernas, invadiu a área e marcou um golaço. Validado por Abade, o tento fez o Corinthians abrir 2 a 1.
Na seqüência, Ana Paula correu para o meio de campo, ação que indicava que ela validara o gol.
Mas, pelo microfone, a bandeirinha chamou Abade e comunicou que Tevez havia empurrado Leonardo antes de pegar na bola.
O curioso é que o zagueiro encobria a visão da assistente no lance da infração, e ela não ergueu a bandeira para invalidar a jogada.
A partir daí, os corintianos se revoltaram e partiram para cima de Ana Paula para tirar satisfações. A PM tentou acalmar os ânimos dos jogadores, que já batiam boca com os palmeirenses.
No intervalo, nenhum membro da arbitragem falou com a imprensa. Ao voltarem do vestiário, o juiz reserva Eduardo Dul deu a versão oficial para o ocorrido.
"Não foi a Ana Paula que viu a falta, mas sim o Evandro, que teve uma visão melhor por estar quase de frente para o lance."
"Foi falta nítida, e o árbitro marcou depois de ter sido avisado", concordou Leonardo Silva.
Tevez, no entanto, mostrou-se inconformado. "Os responsáveis pelo futebol deveriam punir os árbitros. Quando fazemos algo, somos punidos. Deve ser feito o mesmo com os árbitros. Não foi nada. Não fiz falta", reclamou.
Apesar da confusão em campo, o primeiro teste dos aparelhos de comunicação para os árbitros foi aprovado por Marcos Marinho, presidente da Comissão de Arbitragem da FPF.
"Quando foi preciso, funcionou, e os árbitros souberam utilizá-lo num lance difícil", afirmou.
Marinho, que acreditava que a decisão de anular o gol fora de Ana Paula, ao ser informado pela Folha que Silveira foi o responsável pela marcação, afirmou que iria conversar com os árbitros para entender o que ocorrera.
No domingo, no clássico entre São Paulo e Santos, a tecnologia será usada de novo. (KLEBER TOMAZ E PAULO GALDIERI)


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