São Paulo, segunda-feira, 27 de março de 2006

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FUTEBOL

Só se chover canivetes

JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA

O Santos fez a sua parte no lotado, festivo e encharcado Pacaembu. Vitória sofrida e justa, com tons dramáticos como convém a quem está tão perto de um título que não comemora há 21 anos -última graça que sobrou no ultrapassado estadual, como os demais, paulista.
Tão importante quanto os pontos foi a demonstração de que a cada jogo o time se firma como tal, o que permite olhar o futuro, com alguns reforços, com otimismo. Mais do que nos jogos anteriores, pelas circunstâncias climáticas e as que sempre cercam uma partida decisiva diante do estraga prazeres "Moleque Travesso", Luxemburgo tirou água de pedra e deu um banho de alegria nos já quase campeões.
Para que o Santos não conquiste seu 16º Estadual será preciso que a chuva torrencial que caiu no sábado passe a ser chamada de garoa diante da tempestade de canivetes necessária para impedir a ida da taça para a Vila. Porque o Santos até pode perder do São Paulo, pois duas vitórias em casa, contra o Braga e a Lusa, bastam.
 
A arbitragem errou duas vezes contra o Corinthians, ao inverter a falta que originou o gol do 1 a 1 palmeirense e ao anular o segundo gol corintiano. E uma vez contra o Palmeiras ao não marcar um pênalti. O empate foi uma derrota para o alviverde, que ficou muito longe do líder Santos e ainda teve o azar de ser vítima da melhor atuação, mesmo sem ser brilhante, corintiana neste ano.
 
Então o árbitro Marcelo Aparecido Ribeiro Souza chorou ao ver o pênalti que marcou, induzido pelo auxiliar, para o Guarani contra o Santo André. Escândalo!
Que manteve o time do ABC em risco e o de Campinas com chances de escapar do rebaixamento.
Este colunista confessa que se comove com as lágrimas do juiz e até acredita na sinceridade delas. Mas, pergunta: quem enxugará as do prejudicado? A arbitragem eletrônica evitaria todas elas.
 
Pelo segundo ano consecutivo, o campeonato do Rio será decidido com um pequeno na parada. Ao gosto do Caixa D'Água e com o Botafogo com o moral no pé depois das traulitadas que levou do Ipatinga pela Copa do Brasil.
 
Eder Jofre, o Galo de Ouro, reconhecido mundialmente como o melhor peso galo da história, único imortal dos pugilistas brasileiros, completou 70 anos ontem.
Vida eterna a Eder Jofre.
 
Num raro surto de bom senso, Gustavo Nery (que ontem foi bem) admitiu que não passa por um bom momento e disse que teme por sua ida à Copa. O que torna ainda mais estranhos os copiosos elogios que recebeu na transmissão, pela Globo, do jogo entre Corinthians e Tigres. Que também incluíram seus fabulosos dotes físicos. A quem interessa?
À seleção brasileira, não.

Simbolismos
Vivemos dias de grandes simbolismos. Depois do gás de pimenta no Maracanã, no domingo retrasado, para que ninguém veja a que ponto chegou o futebol do Rio de Janeiro, eis que, no sábado passado, na baía da Guanabara, deu-se o fiasco do Brasil 1 na regata local da Volvo Ocean Race. Os ares brasileiros fizeram mal à nau nacional. Aguarda-se a comemoração da deputada petista Angela Guadagnin, ex-prefeita cercada de escândalos em São José dos Campos, autêntica aliá na loja de pizzas do Congresso. Que a torcida, o eleitorado, a casse devidamente nas próximas eleições. Ou mandemos prender todos os caseiros do país. Porque enquanto se investiga se ele lavou R$ 25 mil (!), a lavanderia do esporte permanece impune.

@ - blogdojuca@uol.com.br


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