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limite
Crise faz dirigentes discutirem teto salarial
Medida, idealizada por Koff e Belluzzo, será discutida no Clube dos 13
Sugestão, que já provoca divergências, prevê que o valor da folha salarial seja proporcional à receita anual obtida por cada equipe
Nelson Antonio/Gazeta Press
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Observado pelo paraguaio Ortigoza, o artilheiro Keirrison treina
no CT do Palmeiras, que amanhã encara o São Paulo no Morumbi
EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os clubes brasileiros iniciaram nos últimos dias discussões para o estabelecimento de
um teto salarial nacional para
jogadores profissionais de futebol. Seria a primeira medida
efetiva contra a crise mundial.
A Folha apurou que a ideia
surgiu de discussões entre os
presidentes do Clube dos 13,
Fábio Koff, e do Palmeiras,
Luiz Gonzaga Belluzzo.
Os dois já tiveram várias conversas sobre o tema e pretendem colocá-lo em pauta nas
próximas reuniões do C13, associação que reúne os principais clubes brasileiros.
Belluzzo e Koff chegaram à
conclusão de que, com a crise, é
preciso adotar medidas para
assegurar que os clubes tenham saúde financeira suficiente para garantir os acordos
com os jogadores -algumas
agremiações até teriam receitas suficientes para cobrir a folha de pagamento, mas naufragam nas dívidas acumuladas e
adiantamentos de dinheiro.
Pela proposta, o teto seria
proporcional à receita anual
arrecadada por cada equipe.
Os cartolas também asseguram que os acordos em vigência serão respeitados e somente contratos firmados após a
instituição do limite seriam
submetidos à nova regra.
Procurado pela reportagem,
o C13, por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que
só poderia comentar o assunto
após realização da reunião dos
clubes, ainda sem data marcada. Belluzzo não foi localizado.
Hoje, alguns clubes, como o
São Paulo, seguem política de
teto. O problema é que frequentemente se evolvem em
atritos por um acusar o outro
de "inflacionar o mercado".
"É preciso saber que tipo de
acordo será feito. Mas, se alguém tirar o jogador do outro,
por exemplo, ele pode prever
multas ou outras punições",
afirma o advogado Eduardo
Carlezzo, diretor do Instituto
Brasileiro de Direito Desportivo, que não vê empecilhos legais para a implantação.
"O teto é uma questão interessante, que vem num momento bastante adequado."
Entretanto, Corinthians e
São Paulo, por exemplo, veem
com ressalvas a medida.
"Cada um tem sua realidade.
Penso que é muito difícil no
sistema capitalista definir tetos. A remuneração está ligada
a benefícios", afirma o diretor
de futebol são-paulino, João
Paulo de Jesus Lopes.
"Os clubes devem conversar,
mas, sob o olhar do economista, tabelamento de preço significa o mesmo que rasgar o Alcorão para o muçulmano", afirma
o vice de marketing corintiano,
Luis Paulo Rosenberg.
O Flamengo apoia a medida.
E ainda sugere que o teto seja
igual para todos. "Pode garantir maior competitividade às
equipes", destacou Pedro
Trengrouse, assessor da presidência. O dirigente rubro-negro, porém, ressalta que a atitude não deve servir só para driblar a crise mundial. "Isso não
pode ser visto como uma coisa
conjuntural. A situação financeira muda constantemente."
O Botafogo também é favorável, mas sugere que se leve
em conta a idade e a qualidade
do atleta. "A tendência é que isso [teto salarial] aconteça naturalmente", declarou o vice-presidente Antonio Mantuano.
Segundo ele, o clube já tenta
adotar medida parecida ao cortar metade da folha salarial em
relação a 2008 -caiu de R$ 2,3
milhões para R$ 1,15 milhão.
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