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ANÁLISE
Iugoslávia de Belluzzo é hoje a imagem do clube
PAULO VINICIUS COELHO
COLUNISTA DA FOLHA
O ex-presidente Afonso Della Monica virou representante
palmeirense no Clube dos 13
como uma retribuição à ajuda
para tornar Luiz Gonzaga Belluzzo seu sucessor no Palmeiras. O problema é que rompeu
com o novo presidente minutos
depois da eleição, ao ver Belluzzo de mãos dadas com o candidato da oposição, Roberto Frizzo. Ciúme de homem é das piores coisas da Terra.
Della Monica não tem mais
frequentado o Clube dos 13,
mas, durante meses, quem visitava a entidade contava que ele
passava o dia inteiro lá, ao telefone, seduzindo aliados para fazer oposição a Belluzzo.
O Palmeiras de hoje lembra
mais a Iugoslávia após a morte
do presidente Tito do que qualquer parte da Itália de suas origens. O grupo que ocupa o poder foi montado à custa da
união de etnias opostas.
Juntar os vice-presidentes
Gilberto Cipullo e Salvador Hugo Palaia é como levar Iasser
Arafat a uma sinagoga.
Os dois são candidatos potenciais à sucessão, mas o primeiro não faz a política do clube para se arriscar no pleito. O
segundo quase levou o Palmeiras ao segundo rebaixamento
da sua história como diretor de
futebol, mas não desiste da
ideia de ser presidente. A terceira via da situação é Paulo
Nobre, piloto de rali endinheirado que sonha ser presidente
sem fazer muitos acordos.
Roberto Frizzo pode ser o
candidato da oposição mais
uma vez e unificar gente como
Della Monica e Mustafá Contursi, antigos inimigos. Mas esse grupo, hoje, não passa de
cem votos, apostam conselheiros da situação. Se tiverem razão, Mustafá e Frizzo só têm
uma chance de vitória: a continuidade da guerra civil na Iugoslávia de Belluzzo.
Digamos que a chance de isso
ocorrer é bem grande.
Quando o time mudou seus
treinos do Palestra para o CT,
em 1991, uma das ideias era diminuir o impacto da vida política no desempenho do futebol.
Hoje, isso só é possível tirando
a Mancha Alviverde da arquibancada. Nos jogos, ela é a
grande caixa de ressonância de
todos esses homens. Gente que
ama o Palmeiras acima de quase tudo. Menos do ódio que nutrem uns pelos outros.
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