São Paulo, domingo, 27 de março de 2011

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PAULO VINICIUS COELHO

Cem que valem mil


Mais preocupado do que em fazer o gol cem, Rogério está com o Corinthians e com Liedson

O CORINTHIANS é o rival que Rogério Ceni mais enfrentou e aquele em quem menos marcou. São 51 clássicos e apenas dois gols. Não menospreze. Há jogadas que valem mais do que parecem. O primeiro de Rogério contra o Corinthians, por exemplo, abriu a maior goleada sobre o rival -5 a 1, em 2005.
Com Rogério no gol, o São Paulo passou 14 clássicos sem perder, entre 2003 e 2007, e acumula 11 sem vencer, desde então. No passado, clássico dos tabus era Santos x Corinthians. As coisas mudam.
A posição de goleiro mudou. Quando começaram a aparecer os que jogavam com o pé, dizia-se que eram líberos e transformariam o futebol. Exagero. Rogério nunca foi líbero, é goleiro, ou o São Paulo não seria escalado tantas vezes com três zagueiros.
Mas, lá de trás, há momentos em que Rogério é armador. Em 2007, o São Paulo perdia para o Figueirense no jogo de volta da Copa Sul-Americana. Precisava de um gol para se classificar e sofria contra um ferrolho montado por Mário Sérgio, o técnico que um dia o proibiu de cobrar faltas. Num dos contra-ataques, Rogério antecipou-se, fez o desarme e o lançamento. A bola caiu na entrada da outra área, pronta para o gol da classificação.
Como esse foi marcado por Borges, não está na lista dos 99 que Rogério fez. Também não estão as duas defesas contra o Rosário Central, pela Libertadores de 2004. O São Paulo estava virtualmente eliminado na decisão por pênaltis. E, então, Rogério defendeu duas cobranças. Foi mais importante do que se marcasse dois gols.
Quem convive com Rogério sabe que ele se incomoda quando é mais lembrado por seus gols do que por suas defesas. Não adianta. Hoje, quando se falar em Rogério ou no clássico, o assunto será o centésimo gol.
Depois de marcar em Jundiaí, o goleiro-craque evitou entrevistas. Não quis misturar estações. Mais preocupado do que em fazer o gol cem, Rogério está com o Corinthians e com Liedson. São dez gols em nove jogos, média que remete a Teleco, 251 gols em 246 jogos pelo Corinthians. É o maior artilheiro corintiano contra o São Paulo, com 25 gols. Liedson disputou três clássicos, marcou só uma vez. Como as defesas de Rogério contra o Rosário, esse de Liedson valeu mais: o título paulista de 2003.
Rogério diz que sua primeira missão é evitar gols. É fato! Mesmo que faça milagres contra Liedson, o clássico de hoje pode ser lembrado só pelo gol cem. Marcados por um goleiro, convenhamos, eles valem por mil.

pvc@uol.com.br


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