São Paulo, domingo, 27 de março de 2011

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JUCA KFOURI

A volta de Adriano


Mais que aposta, o Corinthians tem certeza de que faz milagres com gente como o Imperador

O IMPERADOR ADRIANO já passou por São Paulo e, dentro de campo, não se deu mal, embora não tenha trazido títulos ao São Paulo.
No Rio, nos gramados, sempre se deu bem.
Sua chegada ao Parque São Jorge, por insistência do parceiro Ronaldo, vem cercada por uma certa petulância corintiana.
É que seus comandantes ouvem tanto, e de personalidades tão distintas como Sócrates e Ronaldo, que o Corinthians é diferente, que acabam por acreditar nisso.
E não duvidam que Adriano será afetado.
Adriano que fisicamente chega muito mais em forma do que Ronaldo chegou e que é muito mais forte do que Sócrates um dia foi.
Mas que tem, aos 29 anos, problema de saúde que deveria ser motivo de atenção e respaldo e não de ameaças contratuais.
Porque seus deslizes não são fruto de sua vontade, mas de uma dependência que ele mesmo revelou e que a sociedade, a maioria por ignorância, outros por hipocrisia, atribui a traços de caráter ou a questões morais.
Causa engulhos, por sinal, ver propagandista de cerveja estampar fotos dele com copo na mão para desmoralizá-lo.
De minha parte, assumo desde logo que não arriscaria trazê--lo sem que a solução do pro- blema estivesse ao menos en- caminhada por médicos especializados.
Mas lembro que também era contra a contratação de Ronaldo, que acreditava que ele seria o que Garrincha foi no Corinthians e me enganei tão redondamente como a cintura do gênio.
Que, por sinal, méritos mil à parte, está longe de ficar acima do bem e do mal, pois boa parte das críticas que recebeu foram mais que justas e é preciso ser muito deslumbrado para achar que equivaliam a crucificá-lo.
Não que Adriano não possa fazer gols e ser mais um louco no bando dos que se têm na conta de diferentes de tudo que existe no mundo do futebol.
Mas ou a direção alvinegra, Tite inclusive, admite que está trazendo alguém que não é como os demais e convence o grupo de que não pode tratar igualmente um desigual, ou quebra o recente encanto que voltou ao time depois das saídas de Ronaldo e Roberto Carlos.
Por outro lado, é evidente que o Imperador tem características que fazem a cabeça dos manos, desde que acompanhadas por muitos gols, que é o que ele mais sabe fazer.

blogdojuca@uol.com.br


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