São Paulo, domingo, 27 de março de 2011

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TOSTÃO

País da defesa


Os grandes jogadores da seleção brasileira estão na defesa. Falta o craque no meio e no ataque

MANO MENEZES, em uma entrevista à Folha, disse que não pode prejudicar Renato Augusto, deixar de convocá-lo, só porque seu agente é o mesmo do jogador.
Fora a discussão técnica, se Renato Augusto, bom jogador, merece estar na seleção, a única maneira de acabar com esse tipo de desconfiança é o treinador, quem quer que seja, ao assumir o cargo, dispensar seu agente. Ele não é necessário.
O Brasil é, há muitos anos, o país da defesa.
Os destaques nas duas últimas Copas foram defensores. Um dos motivos é a mudança de estilo, o excesso de jogadas aéreas e pouca troca de passes. Hoje são mais valorizados os atletas mais altos, fortes, velozes e que fazem tudo o que o professor, a grande estrela, mandar.
Lúcio continua em forma. Se a Copa fosse hoje, deveria ser titular. Como está com 32 anos, e o jovem David Luiz tem atuado muito bem na seleção e no Chelsea, não há necessidade de convocar e escalar Lúcio contra a Escócia.
Os volantes Ramires, Lucas e Sandro (reserva de Lucas na seleção) têm atuado bem e são titulares de grandes times da Inglaterra.
Contra o Manchester City, Ramires fez um golaço. No dia seguinte, os ufanistas e comentaristas de melhores momentos diziam que Ramires é o grande jogador do Chelsea. Menos, menos.
No meio-campo e ataque, posições em que o Brasil sempre teve craques, não há um único fora de série. Ganso (não atua hoje), Neymar e Lucas são, na seleção, ainda esperanças. Lucas deveria entrar desde o início.
Ganso está certo em desejar jogar na Europa, desde que seja em um dos grandes times e que ele, enquanto tiver contrato com o Santos, faça o maior esforço possível para atuar bem, como tem feito. Na Europa, Ganso vai jogar em ótimos gramados, receber menos trombadas e se contundir menos.
A Inter de Milão, que dizem estar atrás de Ganso, tem, na mesma posição, um dos melhores jogadores do mundo, Sneijder. Muitos técnicos europeus também não gostam do típico meia de ligação, que não participa da linha de marcação do meio-campo. A moda na Europa é procurar jogadores que atuem pelos lados, que marquem, avancem e entrem pelo meio, para fazer gols, como Neymar.
Muitos leitores vão ler esta coluna após o jogo contra a Escócia, às 10h. Provavelmente, algo vai acontecer na partida em desacordo com minha opinião. Nada muda. Não sou comentarista de melhores momentos, de um jogo, de uma semana, de um mês.
Futebol não é só momento.


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