São Paulo, sexta-feira, 27 de abril de 2001

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Só faltou combinar com o Peru...

Juca Varella/Folha Imagem
Torcedores brasileiros exibem no Morumbi, anteontem, faixa provocativa ao técnico do Brasil após o empate em diante do Peru



Vexame diante de adversário frágil derruba plano de Leão e da CBF, que previa recuperação técnica e moral do time nacional

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL FC

Só a seleção de Emerson Leão não cumpriu, dentro de campo, sua parte no plano traçado pelo treinador, com o aval da CBF, para devolver ao torcedor a confiança perdida ao longo das eliminatórias para a Copa-2002.
Poderá pagar caro por isso. Leão tem sua autonomia ameaçadentro da entidade.
O plano de recuperação contava com os seguintes fatores: convocação de jogadores novos -identificados com o torcedor brasileiro, adversário fraco, partida em São Paulo e derrota do Paraguai.
A meta era uma vitória que recolocaria a seleção verde-amarela no segundo lugar da classificação, única posição admitida pela CBF como "honrosa", atrás a apenas da poderosa Argentina.
Não havia momento mais propício, na visão da CBF, para uma renovação radical do time, que criaria o ambiente idela para o início de "uma nova fase". Afinal, boa parte da torcida apoiava o afastamento dos "medalhões endinheirados" e tudo indicava que o Peru seria presa fácil.
Vitória obtida, mesmo com um magro 1 a 0, técnico, jogadores e dirigentes deixariam o Morumbi com um discurso na linha "com raça, humildade e renovação voltamos ao lugar que nos pertence. A Argentina que espere".
Até as 21h45 de anteontem, Ricardo Teixeira estava otimista, tinha quase certeza de que o inferno astral seria amenizado. No dia anterior, havia comemorado muito a derrota do Paraguai para o Equador, em Quito. Bastava o Brasil ganhar para assegurar a vice-liderança.
"Viu como é difícil ganhar o Equador em Quito?", comentou com amigos (o Brasil perdeu de 1 a 0 na capital equatoriana).
Teixeira deu apoio total a Leão, confiava na vitória contra o fraco Peru, que, entre outras coisas, melhoraria a imagem da entidade perante as CPIs.
Duas horas mais tarde, o otimismo dava lugar à impaciência e à irritação, evidenciadas no comentário do dirigente após o jogo: "Uma porcaria".
Mais: o empate contra o Peru foi um forte revés nos planos dos dirigentes da CBF, já que o Brasil terá pela frente três jogos na casa de adversários difíceis -Uruguai, Argente e Bolívia.
Os dois primeiros são tradicionais rivais do Brasil. A Bolívia jogará em La Paz e contará com o fator "altitude".
Agora, pela primeira vez desde o início das eliminatórias, a CBF trabalha com a hipótese de a seleção encerrar sua campanha para a Copa abaixo do segundo lugar.
Se perder do Uruguai, que tem 18 pontos, no próximo dia 1º de julho, em Montevidéu, o Brasil cai, no mínimo, para quinta colocação.


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