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Com a seleção de Parreira, gol é só um detalhe mesmo
Sob comando do técnico, Brasil empaca e vira uma das dez seleções, entre as 196 que atuaram nos últimos 16 meses, cujos jogos têm o menor número de gols
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A BUDAPESTE
Se só bola na rede definisse as
melhores seleções do mundo, o
Brasil de Carlos Alberto Parreira
estaria bem longe da liderança
que ocupa no ranking da Fifa.
Desde que o treinador assumiu
o cargo, no início do ano passado,
o time nacional, que amanhã, às
15h30, faz amistoso com a Hungria em Budapeste, entrou em
profunda depressão ofensiva.
Assim, tornou-se uma das dez
seleções, entre as 196 que entraram em campo nos últimos 16
meses, que protagonizam jogos
com menos gols. Nas 14 partidas
da atual gestão, aconteceram só
25, média de 1,79 por duelo.
E não é porque a defesa melhorou que o Brasil está nessa situação. Com Parreira, o time toma
mais gols do que com Luiz Felipe
Scolari (média de 0,71 com o primeiro, 0,68 com o segundo). A
raiz do problema está no ridículo
desempenho ofensivo do time
que só tem estrelas no ataque, como Ronaldo, Ronaldinho e Kaká.
Do início de 2003 até hoje, a seleção que manteve a base do pentacampeonato tem média de 1,07
gol feito por jogo. Tal marca coloca a equipe em um inacreditável
117º lugar no ranking de artilharia
no período, atrás de nulidades da
bola, como Índia, Azerbaijão,
Uganda e Antilhas Holandesas.
A desculpa que a realidade e os
adversários de uma seleção grande são diferentes de equipes medíocres também não se justifica.
Todos os campeões mundiais fizeram gols em maior número que
o Brasil de Parreira. Até a Itália,
famosa por suas retrancas, balança as redes em um ritmo muito
maior -tem média de 1,92 gols
por jogo desde janeiro de 2003.
Os números brasileiros com o
treinador responsável pelo tetracampeonato acontecem depois de
um período de fartura ofensiva.
Na gestão Scolari, a seleção marcou, em média, 2,24 vezes por jogo. Tal marca colocaria a equipe
entre os 15 ataques mais poderosos na lista em que a equipe de
Parreira ocupa o 117º lugar.
Para o atual treinador, a postura
dos adversários é a principal causa da anemia ofensiva do time.
"Todo mundo que joga contra o
Brasil põe oito jogadores atrás da
linha bola", diz Parreira.
Ele refuta qualquer acusação de
defensivismo. "Time que tem Ronaldo, Ronaldinho e Kaká não
pode ser chamado de defensivo",
afirma o treinador, que mudou o
3-5-2 de Scolari para um 4-3-3
-no seu esquema, o trio mais famoso do futebol brasileiro joga
todo no ataque.
Em 2004, quando os três jogaram juntos pela primeira vez, o
Brasil foi ainda pior no ataque
-terminou em branco contra Irlanda, em amistoso, e diante do
Paraguai, pelas eliminatórias.
Maratona
Para chegar a Budapeste, local
do amistoso de amanhã, o grupo
que veio do Brasil enfrentou uma
desgastante viagem.
O time deixou São Paulo na noite de domingo e foi para Paris. Lá,
esperou por uma conexão para a
capital húngara por quase cinco
horas -chegando ao hotel apenas no final da noite de ontem.
Já o pessoal que atua na Europa
foi chegando aos poucos. Um dos
primeiros a desembarcar foi o volante Edu, do Arsenal, que tem
contra a Hungria sua primeira experiência na seleção brasileira.
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