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Unicamp forja a Ponte fora do campo
Praticamente toda a comissão técnica da equipe passou pelos cursos da universidade campineira ou ainda trabalha lá
De auxiliar técnico a
olheiro, passando pelo departamento médico e de fisiologia, clube investe em profissionais da instituição
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A CAMPINAS
Não que seja obrigatório,
mas para trabalhar atualmente
na comissão técnica da Ponte
Preta é praticamente um pré-requisito ter passado pela Unicamp, uma das mais conceituadas universidades do país.
O clube alvinegro tem auxiliar técnico, preparador físico,
fisiologista, médico, nutricionista, estatístico e até olheiro
com passagens, seja na graduação, em mestrados ou até como
professores, pela instituição
pública, uma das que mais investem em pesquisa esportiva,
especialmente no futebol.
Quase todos são jovens e passaram pelo departamento de
ciência do desporto da Unicamp. Nenhum vínculo oficial
une a Ponte e a universidade,
mas todos os integrantes da comissão técnica ponte-pretana
exaltam a parceria informal entre as duas partes.
"A Ponte acabou servindo de
elo para o conhecimento adquirido na universidade ser aplicado nos atletas", afirma Carlos
Eduardo Bassi Rodrigues, 34,
mestre pela instituição e há
mais de 11 anos trabalhando no
clube como fisioterapeuta. Ele
cita como exemplo pesquisa sobre músculos da coxa com dados coletados no clube e analisados nos bancos escolares.
"Na minha área, você traz
muitas coisas da universidade.
A questão de intensidade dos
treinos, o monitoramento da
recuperação dos atletas", diz
Rui Palomo, 32, o preparador
físico da Ponte, que possui especialização em treinamento
esportivo na mais importante
universidade campineira.
"Futebol tem que estar
acompanhado da ciência. E
quem estudou corta caminho
em muitas coisas", afirma Everaldo Pierrotti, 46, outro que
passou pela especialização no
esporte da Unicamp.
Pierrotti é um exemplo de
que, na Ponte, gente vinda da
universidade não é coisa exclusiva de departamentos como o
médico, o de fisiologia e o de
preparação física. No clube, bola também é assunto de quem
passou pelos bancos universitários. Ele é o principal auxiliar,
para questões técnicas, do treinador Sérgio Guedes.
"Ajuda muito o conhecimento acadêmico. Você associa a
prática à teoria. E hoje a ciência
do esporte, a biomecânica e a
estatística são importantes no
futebol", diz Pierrotti, que foi
jogador profissional. Ele atuou
na própria Ponte e participou
da campanha do vice-campeonato paulista de 1981 antes de
partir para a vida universitária.
É um professor de estatística
da Unicamp, aliás, quem municia a Ponte Preta com dados estatísticos sobre o desempenho
da equipe e dos adversários.
Há quase uma década Laércio Venditte fornece aos treinadores do clube, um dia depois
dos jogos, uma análise numérica completa sobre o desempenho do time no gramado.
"O trabalho do Venditte rende porque o Sérgio Guedes gosta disso", afirma Pierrotti, repetindo o discurso de toda a
turma da Unicamp na Ponte
Preta, que aponta a cabeça
aberta do treinador para o conhecimento acadêmico como
fator-chave para que eles tenham espaço no clube.
Olheiro
A abertura ao novo também
fez com que a Ponte nomeasse
para olheiro, função quase
sempre restrita no futebol a ex-jogadores com larga bagagem,
um rapaz de 26 anos formado
em educação física.
Fábio Moreno tem, desde o
ano passado, a missão de ver os
jogos dos rivais e passar informações para Sérgio Guedes. E
diz que o que aprendeu na faculdade é essencial para o bom
desempenho no trabalho.
"A faculdade é importante
para a gente ter uma base e entender como funciona. Os boleiros sabem muito sobre futebol, mas o tempo de quando e
como fazer, só quem tem uma
formação acadêmica", declara
Moreno, que explica como executa seu trabalho.
"Eu vou no estádio e faço um
relatório no papel para o treinador. Simultaneamente, pego
o DVD do jogo, edito no meu
computador e tento fazer no vídeo algo parecido com o relatório do papel", descreve.
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