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foco
Zagueiro paranaense é o pioneiro do futebol brasileiro na Tchetchênia
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
A exportação de pé-de-obra
brasileiro atinge pontos até
pouco tempo bastante turbulentos pelo mundo, como
Grozni, capital da Tchechênia, cidade descrita pela ONU
como "a mais destruída do
mundo" em 2004, após duas
guerras separatistas.
É lá que fica a sede do Terek
Grozny, clube que teve o direito de voltar a jogar em sua
cidade há pouco mais de um
mês. Coincidentemente, foi
quando contratou o brasileiro David Júnior Lopes, 25, revelado pelo Paraná Clube.
"A cidade é tranqüila e
cresce rapidamente. Tem
muitas construções por lá,
avançando rapidamente. E
não sinto insegurança", conta
o zagueiro, que passou duas
temporadas no futebol croata
antes de jogar na Rússia.
A reformulação urbana
descrita por ele tem como
ápice a reconstrução do estádio local, comprometido em
um atentado a bomba em
2004 que matou o então presidente da Tchetchênia (uma
das cerca de 100 mil vítimas
dos conflitos desde 1994).
Com 10.100 lugares, o estádio é o menor da liga russa. E
seu gramado sintético não
agrada ao brasileiro, que diz
ser o primeiro atleta do país a
defender o time tchetcheno.
"Sinto muito a parte posterior da coxa quando jogamos
lá. O desgaste físico é maior,
além de ter o inconveniente
de o gramado queimar quando há atrito com a pele. Até a
chuteira lá dura menos, pois o
desgaste é maior."
Problemas de adaptação à
parte, ele se diz satisfeito. "A
parte financeira compensa.
Não tem como não encarar."
A experiência na Croácia,
explica, ajuda na comunicação com os colegas de equipe.
"Falo croata com eles e nos
entendemos. Acho que os
idiomas são parecidos, principalmente no campo de jogo.
O time tem alguns jogadores
estrangeiros, a maioria do
Leste Europeu. Cada um fala
sua língua, e conseguimos nos
comunicar assim mesmo."
Em campo, após as seis rodadas iniciais da primeira divisão russa, o time aparenta
não ter mesmo muitos problemas de comunicação. Com
nove pontos em seis jogos, era
o sexto colocado antes da jornada iniciada ontem.
Além do novo estádio de
Grozni, o time mandou partidas também em Pyatigorsk,
onde o público era menos entusiasmado, segundo David.
A decisão da federação russa de liberar jogos da primeira divisão na Tchetchênia,
por sinal, inicialmente assustou outros times russos.
Mas a ameaça de punição
com derrota por 3 a 0 em caso
de não viajarem para atuar
em Grozni garantiu a motivação que faltava.
Com agências internacionais
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