São Paulo, domingo, 27 de abril de 2008

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Zagueiro paranaense é o pioneiro do futebol brasileiro na Tchetchênia

LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

A exportação de pé-de-obra brasileiro atinge pontos até pouco tempo bastante turbulentos pelo mundo, como Grozni, capital da Tchechênia, cidade descrita pela ONU como "a mais destruída do mundo" em 2004, após duas guerras separatistas.
É lá que fica a sede do Terek Grozny, clube que teve o direito de voltar a jogar em sua cidade há pouco mais de um mês. Coincidentemente, foi quando contratou o brasileiro David Júnior Lopes, 25, revelado pelo Paraná Clube.
"A cidade é tranqüila e cresce rapidamente. Tem muitas construções por lá, avançando rapidamente. E não sinto insegurança", conta o zagueiro, que passou duas temporadas no futebol croata antes de jogar na Rússia.
A reformulação urbana descrita por ele tem como ápice a reconstrução do estádio local, comprometido em um atentado a bomba em 2004 que matou o então presidente da Tchetchênia (uma das cerca de 100 mil vítimas dos conflitos desde 1994).
Com 10.100 lugares, o estádio é o menor da liga russa. E seu gramado sintético não agrada ao brasileiro, que diz ser o primeiro atleta do país a defender o time tchetcheno.
"Sinto muito a parte posterior da coxa quando jogamos lá. O desgaste físico é maior, além de ter o inconveniente de o gramado queimar quando há atrito com a pele. Até a chuteira lá dura menos, pois o desgaste é maior."
Problemas de adaptação à parte, ele se diz satisfeito. "A parte financeira compensa. Não tem como não encarar."
A experiência na Croácia, explica, ajuda na comunicação com os colegas de equipe.
"Falo croata com eles e nos entendemos. Acho que os idiomas são parecidos, principalmente no campo de jogo. O time tem alguns jogadores estrangeiros, a maioria do Leste Europeu. Cada um fala sua língua, e conseguimos nos comunicar assim mesmo."
Em campo, após as seis rodadas iniciais da primeira divisão russa, o time aparenta não ter mesmo muitos problemas de comunicação. Com nove pontos em seis jogos, era o sexto colocado antes da jornada iniciada ontem.
Além do novo estádio de Grozni, o time mandou partidas também em Pyatigorsk, onde o público era menos entusiasmado, segundo David.
A decisão da federação russa de liberar jogos da primeira divisão na Tchetchênia, por sinal, inicialmente assustou outros times russos.
Mas a ameaça de punição com derrota por 3 a 0 em caso de não viajarem para atuar em Grozni garantiu a motivação que faltava.


Com agências internacionais


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