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Jogador basco que virou mártir volta contra o Real
Gurpegui, suspenso por doping desde setembro de 2002, vê hoje no estádio Santiago Bernabéu o fim de um calvário
Meio-campista, que atuou em alguns poucos jogos e tentou diversos recursos, pode atrapalhar a festa do virtual campeão espanhol
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Ele não foi suspenso do futebol pela vida toda como o goleiro chileno Roberto Rojas, mas
seu longo afastamento dos gramados, que será interrompido
hoje, contra o Real Madrid,
sensibiliza agora toda a Espanha, não mais só o País Basco.
No primeiro dia de setembro
de 2002, Carlos Gurpegui, um
jovem meio-campista do Athletic Bilbao, viu o início de um
calvário singular na história do
futebol. O resultado de seu exame antidoping foi positivo, e ele
recebeu uma suspensão de dois
anos, um castigo que poucos
mundo afora tiveram que cumprir no mais popular esporte.
Na estréia da Liga 2002/03,
Gurpegui teve atuação destacada, com dois gols. Mas pintou a
norandrosterona (metabolização da nandrolona no organismo). E o número 18 do tradicional time basco, ainda em 2002,
iniciou sua cruzada para provar
que foi um caso endógeno.
A alegação de que a substância em questão é produzida em
seu corpo em situações de máximo esforço não convenceu
um comitê de apelação, que ratificou a suspensão de dois anos
para ele em fevereiro de 2003.
Com base em um estudo feito
pelo Departamento de Química
Analítica e Eletroquímica da
Universidade de Extremadura,
Gurpegui e o Athletic Bilbao
tentaram em diversas frentes
mostrar que não houve consumo de substância proibida.
Foi uma seqüência de recursos, sempre seguidos de novas
suspensões. O atleta chegou a
atuar em algumas partidas, respaldado pelo clube, que manteve seus pagamentos em dia e o
apoiou irrestritamente.
No dia 26 de novembro de
2004, a Audiência Nacional espanhola ratificou a suspensão
de dois anos. Desde essa data,
Gurpegui só atuou oficialmente em alguns poucos jogos de
pré-temporada em 2006.
A torcida do Athletic Bilbao
fez manifestações nas ruas pela
absolvição do jogador, que recebeu um indulto de Ángel María Villar Llona, presidente da
federação espanhola, que tratou do tema com o secretário de
Esportes da Espanha. Mas o indulto não funcionou na prática.
Em setembro de 2006, a federação espanhola ordenou
que o Athletic não usasse Gurpegui nem em amistosos. Os
companheiros do time, que só
aceita jogadores bascos desde
sua fundação, protestaram entrando em campo com tarjas
verdes. Pulseiras com os dizeres ""Gurpegui Justiça" viraram
mania (30 mil) no País Basco.
A última onda de apoio veio
em forma de camisa. A 23-4-8
não faz alusão aos títulos do
clube, como uma famosa peça
são-paulina, mas lembra apenas a data do fim da punição do
atleta. Na prática, só na última
quinta-feira ele ficou limpo.
A imprensa espanhola voltou
a tratar Gurpegui de fato como
um jogador em atividade, pois
ele falou novamente como um
atleta relacionado para o jogo
do fim de semana. E essa partida é simplesmente contra o líder e virtual campeão do Espanhol, o Real Madrid, uma espécie de símbolo da coroa espanhol e do governo em campo.
O Athletic, tão conhecido por
suas fortes convicções, promete endurecer o jogo. Gurpegui
seria agora doping psicológico.
NA TV - Real Madrid x A. Bilbao
Canal 128 da Sky, ao vivo, às 16h
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