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Ronaldo vive dia de rei, na casa do Rei
Melhor jogador da história elogia astro corintiano e chega a compará-lo a si ao afirmar que "foi um gol de Pelé mil vezes"
Atacante devolve elogios, afirma que não reivindicará placa e, bem-humorado,
dá a entender que ficará muito satisfeito "se ela vier"
RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A SANTOS
""Foi um gol de Pelé mil vezes.
Foi um gol de Copa do Mundo."
Se tem alguém que pode avaliar o que Ronaldo fez ontem na
Vila Belmiro, esse alguém é Edson Arantes do Nascimento.
""Ele faz a diferença. Praticamente não tocou na bola, mas
tem aproveitamento de 99%",
ditou o Rei, não o atual do Corinthians, o eterno do Santos.
""É muito bom ser rei por um
dia na casa do Rei", disse o
maior artilheiro das Copas.
É, o recordista em Mundiais
com 15 gols estava em campo.
Em seu trono na Vila Belmiro,
apenas assistindo de camarote,
estava aquele que marcou ""só"
12 vezes em Copas.
""Reivindicar placa eu não
vou. Mas se vier...", disse o único jogador fenomenal deste
Paulista, campeonato que viu o
Rei ser campeão dez vezes e artilheiro em 11 oportunidades.
Pelé já concedeu a honraria
de uma placa em seu templo a
Marcelinho Carioca, que nunca
chegou perto da majestade de
Ronaldo mundo afora.
""É um sonho pensar que o
Rei aqui fez muitos gols. Sem
Rei, nem camisa de Rei, esse gol
foi importante", falou Ronaldo
sobre o seu segundo tento na
Vila Belmiro (o primeiro só foi
bem bonito pela matada e pela
finalização, não mais que isso).
""Eu sou pé-quente. São três
anos que venho ao estádio e o
Santos não perde", decretou o
Rei antes de a bola rolar ontem.
E a bola continuou rolando
após Pelé deixar o estádio. Ele,
como inúmeros súditos santistas, saíram da vila tão famosa
após ""o gol" do Paulista-2009.
Ronaldo e sua obra-prima foram bem maiores que o campeonato. Do goleiro a Dentinho, que não jogou ontem suspenso, seu time é basicamente,
ainda, um campeão da segunda
divisão nacional. E, mesmo distante de sua melhor forma,
transformou um Corinthians
comum em algo fenomenal.
Ele havia marcado contra o
Palmeiras, nos segundos finais,
o que rendeu comemoração eufórica e dramática. Havia anotado no São Paulo, no Morumbi, calando a crítica que insiste
em não vê-lo como um jogador
em atividade. Só faltava balançar a rede do Santos, e na Vila
Belmiro, vingando, por um dia
que seja, todos os anos de castigo que Pelé impôs a seu time.
Ser campeão invicto do Paulista foi demais até para o Rei,
que não abandonou o seu exército. ""Não está nada perdido.
Tem o jogo da volta. Esse jogo
poderia ter sido 4 a 4, 5 a 5", disse Pelé, que lamentou em especial a falta de pontaria do seu 9
-o 10 Madson fez o que pôde
com o manto imortal do Rei.
O 9 corintiano, no final do jogo, pegou uma camisa do Santos, mas não a 10 (ficou com a 6
de Fabiano Eller). Porém, mais
até do que uma placa na Vila
Belmiro, ele merecia ontem
sair de campo com traje real.
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