São Paulo, segunda-feira, 27 de abril de 2009

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Ronaldo vive dia de rei, na casa do Rei

Melhor jogador da história elogia astro corintiano e chega a compará-lo a si ao afirmar que "foi um gol de Pelé mil vezes"

Atacante devolve elogios, afirma que não reivindicará placa e, bem-humorado, dá a entender que ficará muito satisfeito "se ela vier"


RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A SANTOS

""Foi um gol de Pelé mil vezes. Foi um gol de Copa do Mundo."
Se tem alguém que pode avaliar o que Ronaldo fez ontem na Vila Belmiro, esse alguém é Edson Arantes do Nascimento.
""Ele faz a diferença. Praticamente não tocou na bola, mas tem aproveitamento de 99%", ditou o Rei, não o atual do Corinthians, o eterno do Santos.
""É muito bom ser rei por um dia na casa do Rei", disse o maior artilheiro das Copas.
É, o recordista em Mundiais com 15 gols estava em campo. Em seu trono na Vila Belmiro, apenas assistindo de camarote, estava aquele que marcou ""só" 12 vezes em Copas.
""Reivindicar placa eu não vou. Mas se vier...", disse o único jogador fenomenal deste Paulista, campeonato que viu o Rei ser campeão dez vezes e artilheiro em 11 oportunidades.
Pelé já concedeu a honraria de uma placa em seu templo a Marcelinho Carioca, que nunca chegou perto da majestade de Ronaldo mundo afora.
""É um sonho pensar que o Rei aqui fez muitos gols. Sem Rei, nem camisa de Rei, esse gol foi importante", falou Ronaldo sobre o seu segundo tento na Vila Belmiro (o primeiro só foi bem bonito pela matada e pela finalização, não mais que isso).
""Eu sou pé-quente. São três anos que venho ao estádio e o Santos não perde", decretou o Rei antes de a bola rolar ontem.
E a bola continuou rolando após Pelé deixar o estádio. Ele, como inúmeros súditos santistas, saíram da vila tão famosa após ""o gol" do Paulista-2009.
Ronaldo e sua obra-prima foram bem maiores que o campeonato. Do goleiro a Dentinho, que não jogou ontem suspenso, seu time é basicamente, ainda, um campeão da segunda divisão nacional. E, mesmo distante de sua melhor forma, transformou um Corinthians comum em algo fenomenal.
Ele havia marcado contra o Palmeiras, nos segundos finais, o que rendeu comemoração eufórica e dramática. Havia anotado no São Paulo, no Morumbi, calando a crítica que insiste em não vê-lo como um jogador em atividade. Só faltava balançar a rede do Santos, e na Vila Belmiro, vingando, por um dia que seja, todos os anos de castigo que Pelé impôs a seu time.
Ser campeão invicto do Paulista foi demais até para o Rei, que não abandonou o seu exército. ""Não está nada perdido. Tem o jogo da volta. Esse jogo poderia ter sido 4 a 4, 5 a 5", disse Pelé, que lamentou em especial a falta de pontaria do seu 9 -o 10 Madson fez o que pôde com o manto imortal do Rei.
O 9 corintiano, no final do jogo, pegou uma camisa do Santos, mas não a 10 (ficou com a 6 de Fabiano Eller). Porém, mais até do que uma placa na Vila Belmiro, ele merecia ontem sair de campo com traje real.


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