São Paulo, sábado, 27 de maio de 2006

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Copa 2006

Invasões e assédio de fãs atrapalham treino do Brasil

Segurança de equipe nacional é posta em xeque com ao menos 5 invasões de torcedores ao campo de treinamento

Presença da seleção traz aglomerações, brigas de bar e roubos à tranqüila Weggis, cuja delegacia funcionava apenas 2 vezes por semana


PAULO COBOS
RICARDO PERRONE
SÉRGIO RANGEL
ENVIADO ESPECIAL A WEGGIS

A sensação de que a qualquer momento a seleção brasileira poderia enfrentar problemas em seu campo de treinamento transformou-se em realidade ontem com uma série de invasões ao gramado no final dos trabalhos da tarde em Weggis.
Após a brasileira Sheila Soares entrar no campo e se jogar em cima de Ronaldinho, outra torcedora e ao menos mais três rapazes correram em direção dos jogadores para assediá-los.
Além da falha na segurança, a polícia demorou a agir e ainda houve tempo para que um senhor com duas crianças entrasse. Porém os três ficaram sentados no banco de reservas.
Pivô da confusão, o meia-atacante não se mostrou chateado com o assédio dos fãs. ""Temos que fazer de tudo para manter uma certa ordem e continuar a preparação", disse, sorrindo.
O episódio mostra a dificuldade de Carlos Alberto Parreira para encontrar a tranqüilidade que busca. E a facilidade com que Weggis vai perdendo sua calma habitual. Desde a chegada da seleção, seus moradores passaram a conviver com brigas em bares, aglomerações nos arredores do estádio e até roubos. Dois computadores e uma câmera digital foram levados ontem da sala de imprensa.
Um caminhão da Nike, patrocinadora da seleção, foi arrombado na madrugada de ontem. Foram levadas 20 camisas. O prefeito de Weggis, Kaspar Widmer, disse não se lembrar do último roubo registrado na cidade: uma única delegacia funcionava duas vezes por semana até a chegada do time.
Por pouco as más notícias não aumentaram na saída do ônibus da delegação, cercado por crianças que se acotovelavam em volta do veículo, com o risco de serem atropeladas.
Apesar de logo na chegada à cidade, na última segunda, Parreira ter dito que a seleção não tinha calma em Weggis e ameaçado tirar a equipe de lá, o treinador minimizou os acontecimentos de ontem. Hoje, a seleção volta a treinar na Termoplan Arena. Segundo a CBF, sem aumento de seguranças.
Pelo menos em público, os jogadores reagiram com bom humor ao episódio. Assim que Sheila se jogou sobre Ronaldinho, que estava deitado no gramado, Robinho cobriu a dupla com colchonete usado pelos atletas sobre a grama.
Em seguida, uma amiga de Sheila não identificada entrou no campo e tentou agarrar Adriano. A situação esteve perto de fugir do controle dos policiais com a invasão dos outros três torcedores -um turco e dois albaneses. ""O meu sonho era agarrar o Ronaldinho. Não estou arrependida. Faria tudo de novo", disse Sheila, 30, quando era levada por policiais para uma patrulha. A brasileira disse ter uma loja de roupas em Eschenbach, perto de Zurique.
Ela e os outros três torcedores (estes aparentemente bêbados) foram levados para a delegacia da cidade, sendo liberados cerca de 30 minutos depois da confusão. Não precisaram pagar multa. Pouco depois, o albanês identificado como Emli Dezemaili, 20, um dos invasores do gramado, foi preso. Ele ficou na portaria da delegacia xingando os policiais. Ficaria preso até a manhã de hoje.
""Peço desculpa. Mas fiquei muito excitado ao ver o Ronaldinho e não resisti após ver outros torcedores entrando no gramado sem problemas", disse o turco que se identificou apenas como Emre, 19.
Os três disseram ser jogadores amadores de equipes do futebol suíço. Todos eles moram próximos a Zurique.
A brasileira deixou a delegacia de ambulância. Ela teve uma crise de asma logo após a corrida em direção a Ronaldinho. O capitão da polícia do cantão de Lucerna, Willy Eicher, recusou-se a comentar os incidentes. Também tentou evitar filmagem da bagunça.
Parreira declarou que os incidentes não atrapalham os treinos do sua seleção.


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