São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 2008

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tão perto, tão longe

Corinthians condiciona paz à decisão

Time teme que saída da Copa do Brasil estrague raro clima no elenco, que festeja falta de cobrança de cartolas e torcedores

Desde a goleada imposta ao Goiás, a equipe afirma que experimentou ascensão, viu "perseguidos" melhorarem e criou reuniões antes de jogos


Rubens Cavallari/Folha Imagem
O goleiro Felipe, que disse ter ouvido gritos racistas dirigidos a ele no jogo contra o ABC, em Natal, salta durante treino preparatório para jogo contra o Botafogo

PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Só a Copa do Brasil foi capaz de levar paz ao quase sempre turbulento Parque São Jorge. E só a ida à decisão do único torneio de elite que resta ao Corinthians neste ano pode manter um clima que havia tempos não era experimentado.
É com esse estímulo extra que os atletas pretendem jogar contra o Botafogo amanhã, em busca da vaga na final do torneio mata-mata nacional.
Para jogadores, somente a paz proporcionada pelos últimos bons resultados é capaz de manter o time com equilíbrio suficiente para atingir seus objetivos nesta temporada.
"Quando se tem paz, tudo fica mais tranqüilo. Faz algum tempo que não vem ninguém pegar no pé de jogadores. Isso a gente não havia vivido no Paulista", diz o goleiro Felipe, que no início do ano foi um dos atletas mais cobrados pela torcida.
No retorno do time para o início da temporada, o goleiro foi apupado por torcedores no Parque São Jorge. As críticas a ele surgiram por causa dos atritos entre seus procuradores e o Corinthians na negociação de um aumento salarial logo após o rebaixamento do time para a Série B do Brasileiro.
Além dele, outros atletas sofreram cobranças públicas de torcedores. A mais forte aconteceu antes do jogo de volta com o Goiás, quando torcedores foram ao Parque São Jorge protestar contra alguns atletas que não estavam rendendo. Entre eles, o atacante Herrera, que depois se tornou o artilheiro do time na temporada.
Na partida, o time superou expectativas e goleou o adversário por 4 a 0, mantendo-se vivo na Copa do Brasil. A atuação naquele duelo é considerada a melhor do time no ano e preponderante para o bom momento corintiano.
Pela manutenção da paz que, segundo o goleiro, tem feito o time render mais do que em meio às cobranças, o camisa 1 conta que o elenco tem se reunido antes dos jogos para se cobrar e se motivar.
"Uma coisa que mudou muito é que sempre antes dos jogos a gente se reúne, só os atletas, e se cobra. Não foi feito um pacto, mas todo mundo fala. E isso tem nos ajudado bastante", afirma Felipe, que espera não ter de lidar com uma eliminação em casa, diante do Morumbi repleto de corintianos. "[Se acontecer] vai ficar a tristeza."
Mesmo quem não esteve nos momentos mais turbulentos da temporada diz sentir um ambiente leve no Parque São Jorge. É o caso do lateral-esquerdo Wellington Saci, que chegou para disputar a Série B e hoje pode fazer a estréia na Copa do Brasil pelo Corinthians, na vaga de André Santos.
"Ambiente em clube grande é sempre diferente. Mas com certeza o clima está leve", diz o jogador, que encampa o mantra de vencer o Botafogo para continuar no torneio de elite e manter a paz no clube.
"Este vai ser o jogo mais importante da minha vida. Não que seja uma fogueira, mas é uma responsabilidade muito grande estar num jogo desses."
Se para manter a paz os jogadores esperam continuar na Copa do Brasil, pelo menos apoio para ir à final eles terão. Segundo o clube, todos os 68 mil ingressos foram vendidos.


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