São Paulo, quarta-feira, 27 de maio de 2009

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UM PAÍS PARA A COPA/ESTÁDIOS

Na média, custo de arenas cresce 67%

Projetos para o Mundial de 2014 têm gasto médio de R$ 309 milhões, acréscimo de dois terços sobre previsão da CBF

Com cinco novas praças e 12 reformadas, candidatas à Copa apresentam custos pouco inferiores ao preço do Engenhão e apelam a PPPs


MARIANA BASTOS
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Pelos planos das cidades-sedes, os estádios da Copa-2014 custarão bem mais do que a estimativa inicial da CBF em 2007. A maioria dos 17 projetos envolve PPPs (Parcerias Público-Privadas), com abertura para uso de dinheiro público.
Levantamento da Folha mostra que, em média, cada arena brasileira para o Mundial terá gasto de R$ 309 milhões. Para chegar a esse número, foram consideradas as informações de 15 cidades, cujos projetos somam R$ 4,6 bilhões -Curitiba e Belo Horizonte não divulgaram valores.
Como serão 12 sedes no Mundial, o custo total ficaria em torno de R$ 3,71 bilhões, a ser mantida a média de despesas atual dos estádios.
"A CBF, atualmente, estima que os investimentos na construção e na remodelagem de estádios serão de US$ 1,1 bilhão. Essa estimativa, no entanto, vai ser significativamente influenciada pelas cidades escolhidas finalmente para receber a Copa", disse a Fifa, em relatório de outubro de 2007.
Pela cotação atual do dólar, a estimativa da confederação, que já queria 12 cidades na Copa, é de R$ 2,2 bilhões. Assim, o valor médio de cada estádio sairia por R$ 185,5 milhões.
Ou seja, a estimativa da CBF já tem aumento de 67%.
Excluídos os cinco projetos mais caros, o total fica próximo da expectativa da confederação: R$ 2,29 bilhões para 12 sedes. Mas isso tiraria cidades como Rio de Janeiro e Brasília, certas na lista da Fifa. É um cenário impossível.
Na média dos 15 orçamentos, o custo por estádio da Copa-14 até agora é pouco inferior aos R$ 380 milhões gastos no Pan de 2007 com o Engenhão, que era novo e moderno.
Agora, são 12 estádios que preveem obras e apenas cinco novos. Ressalte-se que, entre os reformados, quatro planejam remodelagem total.
Entre os projetos, quatro envolvem apenas recurso privado, pois são de clubes. São os de Curitiba (Arena da Baixada), Porto Alegre (Beira-Rio), São Paulo (Morumbi) e Florianópolis (Arena Florianópolis).
De resto, a maioria aposta em investidores para bancar as obras, por meio de PPPs. Quase todos os projetos incluem a construção de complexos comerciais, poliesportivos e de shows, por retorno financeiro.
Mas as autoridades governamentais ressalvam que o compromisso de atender à Fifa é dos Estados e das prefeituras.
Assim, Manaus e o Amazonas têm reservado verba em caixa para obras, entre elas a do novo Vivaldão. O Estado do Rio de Janeiro abriu licitação para fazer concessão do Maracanã, mas há brechas para o governo bancar parte da obra.
Em troca do investimento, o Brasil terá estádios maiores, já que a maioria das reformas prevê a ampliação. A maior delas é no Mané Garrincha, em Brasília. É também a obra mais cara: R$ 520 milhões. A mais barata é a de Rio Branco, que tem custo de R$ 116 milhões.
Uma tônica é que os projetos de estádios privados são, em geral, mais baratos. O Figueirense pretende gastar R$ 166 milhões no seu novo Orlando Scarpelli. O Internacional projetou custo de R$ 120 milhões para o Beira-Rio. O São Paulo estima R$ 135,7 milhões de verba para adequar o Morumbi. Eles almejam parcerias.
São exceções. A CBF prometeu uma Copa só com dinheiro privado em estádios, entretanto não é o que mostram os milhões planejados por Estados.


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