São Paulo, quinta-feira, 27 de maio de 2010

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Blindagem é exceção na elite da Copa

Enquanto Dunga fecha time, rivais fazem a festa de torcida e imprensa

PAULO COBOS
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A CURITIBA

"Nas outras seleções é assim ou até pior." Essa é a resposta da CBF e dos jogadores da seleção de Dunga quando questionados sobre a blindagem do time na preparação para a Copa da África do Sul.
Mas não é bem assim. As principais equipes do mundo, incluindo aquelas apontadas pelos brasileiros como exemplos de "casas fechadas", abriram suas portas até agora mais do que o Brasil.
Em Curitiba, os torcedores só viram dois treinos, e isso quando estavam em pequeno número, no máximo 300. Logo no seu primeiro dia de trabalho, a Espanha abriu as portas para 2.000 fãs acompanharem seus atletas.
Com um dos principais astros da bola, Cristiano Ronaldo, Portugal treinou diante de 5.000 pessoas.
A seleção de Dunga é também mais fechada que as rivais no contato com a imprensa. Por ordem do técnico, a CBF instituiu entrevistas coletivas com apenas dois jogadores -em seis dias de preparação em Curitiba, apenas oito atletas falaram.
A Argentina de Messi teve pelo menos um dia com zona mista, em que todos os convocados passam pelos jornalistas, sistema usado pelo Brasil até Dunga assumir.
Na Espanha, três ou quatro jogadores aparecem nas coletivas por dia. No início da sua preparação, a Inglaterra fez o "media day", em que os convocados ficam disponíveis para entrevistas, prática muito comum nos EUA.
Mas o mais fora de padrão do Brasil é o silêncio de Dunga. Segundo a CBF, ele não falou em Curitiba porque ainda não existiam "questões técnicas" para discutir.
Na melhor das hipóteses, ele falará pela primeira vez hoje, em Johannesburgo, ou no sétimo dia de preparação.
Maradona falou com os repórteres no quarto dia de treinos da Argentina. Marcello Lippi, da Itália, logo na apresentação. Fabio Capello, que dirige a Inglaterra, respondeu até a perguntas de torcedores em vídeo preparado pela federação daquele país.
Na África do Sul, a seleção deve ficar ainda mais fechada. Só nas vésperas dos jogos e após as partidas os jogadores serão obrigados pela Fifa a ir à zona mista. E Dunga, a estar na entrevista coletiva.


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