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Blindagem é exceção na elite da Copa
Enquanto Dunga fecha time, rivais fazem a festa de torcida e imprensa
PAULO COBOS
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A CURITIBA
"Nas outras seleções é assim ou até pior." Essa é a resposta da CBF e dos jogadores
da seleção de Dunga quando
questionados sobre a blindagem do time na preparação
para a Copa da África do Sul.
Mas não é bem assim. As
principais equipes do mundo, incluindo aquelas apontadas pelos brasileiros como
exemplos de "casas fechadas", abriram suas portas até
agora mais do que o Brasil.
Em Curitiba, os torcedores
só viram dois treinos, e isso
quando estavam em pequeno número, no máximo 300.
Logo no seu primeiro dia de
trabalho, a Espanha abriu as
portas para 2.000 fãs acompanharem seus atletas.
Com um dos principais astros da bola, Cristiano Ronaldo, Portugal treinou diante
de 5.000 pessoas.
A seleção de Dunga é também mais fechada que as rivais no contato com a imprensa. Por ordem do técnico, a CBF instituiu entrevistas coletivas com apenas dois
jogadores -em seis dias de
preparação em Curitiba, apenas oito atletas falaram.
A Argentina de Messi teve
pelo menos um dia com zona
mista, em que todos os convocados passam pelos jornalistas, sistema usado pelo
Brasil até Dunga assumir.
Na Espanha, três ou quatro jogadores aparecem nas
coletivas por dia. No início da
sua preparação, a Inglaterra
fez o "media day", em que os
convocados ficam disponíveis para entrevistas, prática
muito comum nos EUA.
Mas o mais fora de padrão
do Brasil é o silêncio de Dunga. Segundo a CBF, ele não
falou em Curitiba porque ainda não existiam "questões
técnicas" para discutir.
Na melhor das hipóteses,
ele falará pela primeira vez
hoje, em Johannesburgo, ou
no sétimo dia de preparação.
Maradona falou com os repórteres no quarto dia de treinos da Argentina. Marcello
Lippi, da Itália, logo na apresentação. Fabio Capello, que
dirige a Inglaterra, respondeu até a perguntas de torcedores em vídeo preparado
pela federação daquele país.
Na África do Sul, a seleção
deve ficar ainda mais fechada. Só nas vésperas dos jogos
e após as partidas os jogadores serão obrigados pela Fifa
a ir à zona mista. E Dunga, a
estar na entrevista coletiva.
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