São Paulo, quinta-feira, 27 de maio de 2010

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Brazilians

Mamelodi Sundowns, vice-campeão da África do Sul, inspira-se na seleção brasileira, mas não a atual, pois seu lema é "vencer com estilo"

FÁBIO ZANINI
DE JOHANNESBURGO

Um time que veste camisa amarela e calção azul, apregoa "jogar bonito" e sabe usar muito bem o Brasil como peça de marketing.
O Mamelodi Sundowns, de Johannesburgo, vice- -campeão da liga sul-africana neste ano, sente orgulho em ser um clone da seleção.
Num país em que cada time tem um apelido, eles são os "Brazilians". Sua filosofia remonta a um pensamento romantizado da seleção brasileira que está um tanto em desuso na era Dunga.
"Para nós, o gol é um bônus. Mais importante que vencer é vencer com estilo", diz Alex Shakoane, diretor de comunicação do clube.
Fundado em 1980, o clube é um dos mais ricos do país e dono de uma das melhores estruturas. Tem um centro de treinamento que não faria feio no Brasil. Mais: paga os melhores bichos e seus atletas têm os melhores salários.
Já ganhou a liga cinco vezes, a última na temporada 2006/2007. A base de torcedores é a "township" (favela) de Mamelodi, em Pretória, mas o clube busca aproveitar as mudanças sociais no país.
"Nosso público-alvo é a classe média negra emergente", afirma Shakoane.
Os "Brazilians" tiveram nos últimos 20 anos uma sucessão de donos milionários.
Seu atual proprietário é Patrice Motsepe, do setor de mineração. No caso dele, a referência estrangeira é outra: Motsepe é chamado de o Roman Abramovich sul-africano, em comparação com o magnata russo que é proprietário do inglês Chelsea.
Sua política é de contratar estrelas para o clube.
O Sundowns tem seis jogadores na seleção sul-africana. Até o início do ano, o treinador era uma figura de renome internacional, o ex- -atacante búlgaro Stoichkov, artilheiro da Copa de 1994.
O cuidado ao emular o Brasil é extremo. Anos atrás, um representante do clube foi enviado ao Brasil para achar tecidos com o tom exato de amarelo da camisa da seleção. Agora, essa preocupação desapareceu, já que a Nike confecciona os uniformes do Brasil e de seu clone.
Nas partidas, tambores tentam imitar um samba. Às vezes, aparece uma bandeira do Brasil nas arquibancadas.
A equipe tem um brasileiro legítimo, o zagueiro Eduardo Ferreira. "A torcida quer toque de bola. O Stoichkov mandava parar o treino se o pessoal começava a fazer muito lançamento", diz.
Ou, como afirma o diretor do clube, o slogan é praticar "futebol de carpete" (no gramado). "Outro apelido que temos é Bafana Bastyle, ou os garotos que têm estilo", declara Alex Shakoane.


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