|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Na Copa, Ronaldinho vira só um meia
Melhor do mundo luta contra jejum de gols que pode completar um ano pela seleção se não marcar hoje diante de Gana
Apesar de acertar 92% dos passes, atleta do Barcelona quase não finaliza no time de Parreira, registrando só 1,7 chute por partida
DOS ENVIADOS A BERGISCH GLADBACH
Na Copa da Alemanha, nada
mais falso do que chamar Ronaldinho de meia-atacante.
Só a primeira parte da denominação que sempre acompanhou a carreira do jogador entrou em campo até agora. O astro do Barcelona tem números
impressionantes em fundamentos típicos de um meia.
Mas é uma negação no ataque,
tanto que, se não fizer um gol
hoje, completará um ano sem
balançar as redes pelo time nacional -seu último gol foi na final da Copa das Confederações,
contra a Argentina, no dia 29 de
junho de 2005, quando o terceiro da vitória por 4 a 1.
E isso aparece tanto em itens
mais elementares, entre eles o
do jejum de Ronaldinho (seis
brasileiros já marcaram na Copa), como nas estatísticas elaboradas pelo Datafolha nos 54
jogos já realizados pelo torneio.
São vários os pontos que provam o quanto Ronaldinho está
longe do gol. Sua média de finalizações não passa de 1,7 por jogo. No último Campeonato Espanhol, quando marcou 17 gols
em 29 partidas pelo Barcelona,
o duas vezes eleito melhor do
mundo teve média de quase
quatro conclusões por partida.
Quase a mesma média que
teve na Copa dos Campeões da
Europa, quando ergueu a taça
do torneio e lutou pela artilharia com atacantes natos até a final, quando o Barcelona ganhou do Arsenal por 2 a 1.
O camisa 10 não ficou uma
vez sequer impedido -o que
muitas vezes mostra falhas de
posicionamento, mas é típico
de um atacante, na Copa.
Chegar à linha de fundo também foi uma raridade para ele.
No jogo contra o Japão, por
exemplo, ele fez isso quatro vezes. Teoricamente com funções
mais defensivas, Juninho conseguiu cinco jogadas desse tipo.
"O treinador me disse que
meu papel é fazer o time jogar e
controlar o ritmo do jogo. Ainda estou aprendendo a fazer isso", disse Ronaldinho em entrevista para o site da Copa.
E as estatísticas dizem que
ele está aprendendo rápido. Se
no ataque Ronaldinho nada
tem de melhor jogador do
mundo, no meio-de-campo ele
vai muito bem. Ele era, antes
dos jogos de ontem, o quarto jogador mais acionado da Copa,
tem recebido 66 bolas por jogo.
E como ele trata bem a redonda. Para um jogador de meio-campo que executa passes de
alta dificuldade, seu aproveitamento de 92% é fantástico.
Como faziam atletas do tipo
de Gerson, em 70, Ronaldinho
tem se especializado em passes
longos, tanto que lidera o ranking de lançamentos da Copa,
com 6,7 tentativas por jogo.
Passes e lançamentos de Ronaldinho acabaram em gols ou
em lances que os colegas de time tiveram chances claras de
marcar. Das 12 assistências
brasileiras na primeira fase, 5
saíram dos pés de Ronaldinho,
que não balança as redes pela
seleção brasileira há nada menos do que oito partidas.
O longo jejum não incomoda
o atleta, na contramão do que
ele disse em entrevista à Folha
("Quero fazer mais gols") e sua
ótima performance na artilharia nos últimos tempos pelo
Barcelona. "Minha característica principal sempre foi preparar jogadas para os atacantes.
Nunca fui artilheiro."
Entre os quatro atletas do
"quarteto mágico" na primeira
fase da Copa, Ronaldinho é o
único que não balançou a rede.
Kaká fez um gol, assim como
Adriano. Ronaldo marcou dois.
(EDUARDO ARRUDA, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)
Texto Anterior: Tostão: Teoria e prática Próximo Texto: Parreira reclama da Globo e leva pedido de desculpas Índice
|