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Rivais se viram por fôlego ideal
Alemães e argentinos investem em fórmulas diferentes a fim de agüentar ritmo dos mata-matas
Enquanto Alemanha vai de
guru do fitness, Argentina
aposta em velha-guarda
para fazer a sua equipe
correr até o limite na Copa
GUILHERME ROSEGUINI
ENVIADO ESPECIAL A HERZOGENAURACH
Energia para sufocar o rival
no início e resistência para não
falhar nos momentos finais.
Pelas declarações, os objetivos
são idênticos. Só que Alemanha
e Argentina buscaram meios
diferentes de alcançá-los.
Na sexta, em Berlim, o primeiro duelo entre campeões de
Copa vai opor uma seleção que
delegou seu fôlego a um guru da
ginástica a uma equipe que
concede a preparação física a
veteranos do futebol.
O caso da anfitriã é mais curioso. Desde 1998 vivendo nos
EUA, Jürgen Klisnmann causou polêmica ao levar para o
elenco um norte-americano
chamado Mark Verstegen.
Seu currículo não poderia ser
mais inusitado para os alemães:
colunista de uma revista de fitness, dono de uma rede de academias de ginástica e fã de
exercícios pouco convencionais para o mundo da bola.
Formado pela Universidade
de Washington, Verstegen é
presidente do grupo chamado
"Athletes" Performance", que
desenvolve técnicas de treinamento para competidores das
ligas profissionais de hóquei,
beisebol, golfe e basquete.
Modalidades como pilates
(ginástica para postura e coordenação), livros de auto-ajuda
para buscar "conhecimento interior" e emprego de tecnologia
-o desgaste dos jogadores é
monitorado via satélite- fizeram parte da rotina da "Mannschaft". A chiadeira foi geral.
"Todos achavam que eram
invencionices, mas estávamos
atrasados. Hoje a preparação física da nossa seleção é um fator
diferencial", diz Klisnmann.
A Argentina também considera a sua excelente. Só que os
responsáveis pela resistência
do grupo não escrevem artigos
para a revista "Men's Health"
nem empregam seus métodos
em outros esportes.
Gerardo Salório e Eduardo
Urtasún foram criados no futebol. O primeiro trabalha nas categorias de base da seleção há
24 anos e ganhou três títulos
mundiais sub-20. O outro é um
ex-jogador que chegou ao time
nacional em 1994. "A opção por
eles é uma questão de confiança", disse o técnico José Pekermann a um jornal argentino.
"A maioria trabalhou com o
Salório ou o Urtasún nas categorias de base. Eles sabem como andam os jogadores só de
olhar para eles", completou.
Ontem, esse olhar dos preparadores indicou que os atletas
ainda sentem o cansaço da partida contra o México -o jogo
foi definido na prorrogação.
Deliberaram, então, que seria
bom dar folga aos argentinos na
parte da tarde. Todos foram liberados para passear na pequena Herzogenaurach, cidade onde fica baseada a seleção.
Verstegen não segue tanto a
intuição. Assim, em 2004, ao
iniciar seus trabalhos com o
grupo, disparou uma bateria de
testes físicos. Ao comparar os
resultados com o de atletas de
outras modalidades que assiste, concluiu que faltava agilidade e flexibilidade aos alemães.
"Os jogadores eram fortes,
mas pareciam lentos", disse, na
época. Daí o investimento em
sessões prolongadas de ginástica e alongamento, definidos pela imprensa alemã como "exercícios para gestantes".
Parece uma idéia simples,
mas Klinsmann a considera revolucionária. "Ganhamos em
velocidade. Hoje somos um time rápido e perigoso."
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