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TOSTÃO
A turma do lero-lero
Como técnico da seleção, Dunga, nas entrevistas, tem dito sempre os mesmos chavões e não elucida nada
A
PÓS O FRACASSO no Mundial
de 2006, a seleção brasileira
inicia hoje a sua primeira
competição oficial, contra o México,
freguês dos Estados Unidos e que
costuma jogar bem contra o Brasil.
Há muitas dúvidas sobre a qualidade do time brasileiro, que poderá ter
grandes dificuldades para vencer todos os adversários e que também
poderá ser campeão, mesmo com
um time inferior ao da Argentina.
Se o Brasil não for bem na Copa
América, não será por falta de entrosamento. A equipe teve 15 dias para
treinar e é a base que atuou sob o comando do Dunga na vitória por 3 a 0
sobre a Argentina. Estavam presentes Juan, Gilberto, Gilberto Silva,
Elano e Robinho, além de Maicon e
Vágner Love, que entraram no segundo tempo.
A seleção realizou depois mais dez
amistosos. Um mérito de Dunga
tem sido experimentar muitos jogadores sem perder uma formação
básica.
A principal mudança individual e
tática do time do primeiro amistoso
para o atual é a troca de Daniel Carvalho, contundido, por Diego. Havia
dois volantes (Gilberto Silva e Edmilson), Elano pela direita, defendendo e atacando, e Daniel Carvalho, que fazia a mesma função de
Elano, pela esquerda. Diego é um
meia de ligação, que atua quase só
pelo centro.
A principal preocupação tem sido
o ataque. No último treino, que vi
pela televisão, as melhores jogadas
foram os avanços de Maicon, que
não é um excelente cruzador, as faltas cobradas por Alex e os cruzamentos de bolas paradas para os zagueiros que vão para a área. Não será
surpresa se os defensores forem os
artilheiros da seleção.
Pelas informações, ainda não sei
com detalhes como a seleção vai jogar. Não basta o técnico dizer ao
atleta, como Robinho, para ele atacar quando o Brasil tiver a bola e recuar para marcar quando perdê-la.
É preciso definir com clareza as funções. Para improvisar, os jogadores
precisam cumprir primeiro suas
obrigações táticas.
Isso me lembra um conceituado e
experiente comentarista de televisão, que falava muito bem e sempre
dizia, independentemente da história do jogo, que o time vencedor atacou e defendeu em bloco, jogou com
garra, velocidade e união, aproveitou bem as oportunidades e outras
generalidades e lugares-comuns.
Para o perdedor, ele falava sempre o
contrário.
Seria injusto se eu dissesse que
Dunga, que era um atleta contundente no que dizia, vai pelo caminho
do lero-lero, pois não assisti aos treinos no local. Mas estou preocupado
ao escutar suas entrevistas. Ele diz
sempre os mesmos chavões e não fala nada.
Aliás, as entrevistas dos treinadores, principalmente os da seleção,
são grandes encenações, um péssimo teatro. Muitas vezes, os repórteres perguntam por obrigação e questionam as mesmas coisas ou fatos
que sabem que não serão respondidos. Os treinadores fingem que respondem e só falam o que querem.
Há exceções dos dois lados, como
as contundentes perguntas do repórter Cícero Melo (da ESPN Brasil)
e as entrevistas com Muricy Ramalho, que dá explicações técnicas e táticas e responde com franqueza e
com peculiar ironia.
tostao.folha@uol.com.br
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