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Vôlei argentino aposta em pedigree
Seleção da Liga Mundial tem como destaques descendentes do time que tirou o Brasil do pódio e foi bronze em Seul-88
Nova geração acabou com a invencibilidade brasileira
no Sul-Americano infanto e desbancou rivais no juvenil pela primeira vez desde 2002
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Último jogo da Olimpíada de
Seul-1988. Passados quatro
anos da conquista da geração
de prata, a seleção brasileira de
vôlei tentava voltar ao pódio.
Mas, do outro lado, estava a
Argentina. Se hoje o time patina, naquela década, destacava-se com jogadores brilhantes.
Resultado: os brasileiros deixaram a Coreia do Sul de mãos
vazias e viram o rival, com o
bronze, atingir o mais importante feito de sua história.
Vinte anos depois, sobrenomes como Uriarte, Conte, Castellani e Quiroga, pesadelos para os brasileiros da geração de
prata, voltam a incomodar.
Os descendentes das estrelas
dos anos 80 já desbancaram o
Brasil na base. Agora, buscam
atingir o nível da seleção de
Bernardinho. Formam a base
de seu time na Liga Mundial
-era o segundo do Grupo B, à
frente de Sérvia e Coreia do Sul
até o fechamento desta edição.
Um dos "cérebros" da nova
geração é o levantador Nicolás
Uriarte, 19, filho de Jon, ex-atleta e ex-técnico da Argentina. É ele quem distribui as jogadas para Facundo Conte, 19, filho de Hugo, e Rodrigo Quiroga, 22, sobrinho de Raul.
Ivan Castellani, filho de Daniel, está nas seleções de base.
No último Sul-Americano infanto, a Argentina deixou o
Brasil sem o ouro pela primeira
vez. No juvenil, pôs fim à hegemonia de seis anos. "Eles já estavam procurando novos nomes, é coincidência que sejam
parentes de grandes ídolos. É
uma geração interessante", diz
Percy Onken, técnico dos times
de base masculinos do Brasil.
Os descendentes da "geração
de bronze" começaram a praticar o esporte na infância. E
contaram com ajuda privilegiada para se desenvolverem.
"Comecei aos seis anos, na
Itália. Não houve pressão, mas
desde cedo aprendi muito com
meu tio", diz Rodrigo Quiroga,
do Montichiari, da Itália.
Ele deve ter Nicolás como adversário no Catania. Facundo
Conte disputou a última temporada na Série A2 do Italiano,
treinado pelo pai, Hugo.
Já Ivan não carregou desde
cedo o prazer pelo jogo. O garoto estreou nas quadras só aos 14
anos. Na infância, o vôlei era
apenas um doloroso sinônimo
da ausência do pai em casa. A
resistência só acabou quando
Daniel voltou a fincar raízes na
Argentina. Ivan fez as pazes
com o esporte e ganhou vaga no
Cidade de Buenos Aires.
Além do talento e da história,
a nova geração também divide
cobranças. As comparações
com os parentes já começaram.
"Com o tempo, falarão menos do meu pai. Se seguir meu
caminho e jogar bem, creio que
isso vá acontecer", diz Nicolás.
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