São Paulo, sábado, 27 de junho de 2009

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Vôlei argentino aposta em pedigree

Seleção da Liga Mundial tem como destaques descendentes do time que tirou o Brasil do pódio e foi bronze em Seul-88

Nova geração acabou com a invencibilidade brasileira no Sul-Americano infanto e desbancou rivais no juvenil pela primeira vez desde 2002


MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Último jogo da Olimpíada de Seul-1988. Passados quatro anos da conquista da geração de prata, a seleção brasileira de vôlei tentava voltar ao pódio.
Mas, do outro lado, estava a Argentina. Se hoje o time patina, naquela década, destacava-se com jogadores brilhantes.
Resultado: os brasileiros deixaram a Coreia do Sul de mãos vazias e viram o rival, com o bronze, atingir o mais importante feito de sua história.
Vinte anos depois, sobrenomes como Uriarte, Conte, Castellani e Quiroga, pesadelos para os brasileiros da geração de prata, voltam a incomodar.
Os descendentes das estrelas dos anos 80 já desbancaram o Brasil na base. Agora, buscam atingir o nível da seleção de Bernardinho. Formam a base de seu time na Liga Mundial -era o segundo do Grupo B, à frente de Sérvia e Coreia do Sul até o fechamento desta edição.
Um dos "cérebros" da nova geração é o levantador Nicolás Uriarte, 19, filho de Jon, ex-atleta e ex-técnico da Argentina. É ele quem distribui as jogadas para Facundo Conte, 19, filho de Hugo, e Rodrigo Quiroga, 22, sobrinho de Raul.
Ivan Castellani, filho de Daniel, está nas seleções de base.
No último Sul-Americano infanto, a Argentina deixou o Brasil sem o ouro pela primeira vez. No juvenil, pôs fim à hegemonia de seis anos. "Eles já estavam procurando novos nomes, é coincidência que sejam parentes de grandes ídolos. É uma geração interessante", diz Percy Onken, técnico dos times de base masculinos do Brasil.
Os descendentes da "geração de bronze" começaram a praticar o esporte na infância. E contaram com ajuda privilegiada para se desenvolverem.
"Comecei aos seis anos, na Itália. Não houve pressão, mas desde cedo aprendi muito com meu tio", diz Rodrigo Quiroga, do Montichiari, da Itália.
Ele deve ter Nicolás como adversário no Catania. Facundo Conte disputou a última temporada na Série A2 do Italiano, treinado pelo pai, Hugo.
Já Ivan não carregou desde cedo o prazer pelo jogo. O garoto estreou nas quadras só aos 14 anos. Na infância, o vôlei era apenas um doloroso sinônimo da ausência do pai em casa. A resistência só acabou quando Daniel voltou a fincar raízes na Argentina. Ivan fez as pazes com o esporte e ganhou vaga no Cidade de Buenos Aires.
Além do talento e da história, a nova geração também divide cobranças. As comparações com os parentes já começaram.
"Com o tempo, falarão menos do meu pai. Se seguir meu caminho e jogar bem, creio que isso vá acontecer", diz Nicolás.


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