São Paulo, domingo, 27 de junho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sem folga

No mata-mata, Brasil encara desafio de atuar no intervalo mais curto entre dois jogos de Copa desde 1982 , quando caiu ante a Itália

EDUARDO ARRUDA
MARTÍN FERNANDEZ
PAULO COBOS
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A JOHANNESBURGO

Desde 1982, o Brasil não joga uma partida de Copa do Mundo com um intervalo tão pequeno para o confronto anterior como irá fazer amanhã, contra o Chile, na cidade de Johannesburgo.
E o histórico do time nacional na competição mostra que pouco descanso faz, sim, muita diferença no placar.
A partida das oitavas de final da Copa do Mundo da África do Sul no estádio Ellis Park será realizada só três dias depois do jogo de encerramento da primeira fase, contra Portugal, em Durban, cidade de clima mais quente e que fica ao nível do mar.
Em Johannesburgo, 1.700 m de altitude e local do duelo com os chilenos, a temperatura muitas vezes é negativa.
Na última vez que o time nacional atuou duas vezes em um intervalo tão pequeno sua campanha no Mundial terminou tragicamente.
Na Copa da Espanha, quando a segunda fase era disputada em sistema de grupos, o Brasil derrotou a Argentina por 3 a 1 no dia 2 de julho. No dia 5, enfrentou a Itália, perdeu por 3 a 2 e viu uma das mais brilhantes seleções da história cair.
E isso tudo sem o desgaste de ter que realizar uma viagem, já que ambas as partidas foram disputadas na mesma cidade, Barcelona.
Pior ainda aconteceu em 1950. O Brasil jogou a decisão da Copa no estádio do Maracanã lotado, contra o Uruguai, só três dias após golear a Espanha por 6 a 1, também no Rio. E nesse jogo aconteceu a mais sofrida derrota (2 a 1) nacional em um Mundial.
O retrospecto geral do Brasil em jogos com até três dias de intervalo e nos com folga maior é mais preciso para explicar o efeito do desgaste físico na performance do time.
No primeiro caso, o time perdeu 33% dos jogos que disputou por Copas e registrou aproveitamento de 55%.
Quando a folga foi maior, a incidência de derrotas da seleção brasileira caiu para apenas 11% e o aproveitamento subiu para 79%.
A média de gols marcados é 21% menor nos jogos com calendário apertado, e a de sofridos cresce quase 70%.
Os brasileiros traçam uma estratégia simples contra esse quadro histórico ruim.
"O importante é descansar bem. É isso que vai fazer a diferença", disse o zagueiro e capitão Lúcio. "Nesta fase da competição, temos que aproveitar cada oportunidade para relaxar", afirmou o volante Gilberto Silva, um dos quatro jogadores titulares de Dunga com mais de 30 anos.
Jogar duas vezes em um intervalo tão curto no Mundial não irá ocorrer com outras seleções que são tidas como favoritas na África.
E quem tem um "tratamento especial", causado na verdade porque o time foi cabeça de chave dos grupos cujas partidas foram realizadas primeiro, é a Argentina.
A seleção comandada pelo técnico Maradona vai jogar pelas oitavas de final, hoje, cinco dias depois do último jogo da primeira fase.
Se for até a final, a seleção argentina sempre irá atuar pelo menos quatro dias depois de seu jogo anterior.


Texto Anterior: Painel FC na Copa
Próximo Texto: Proteção usada por Júlio César é legal, diz CBF
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.