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Sem folga
No mata-mata, Brasil encara desafio de atuar no intervalo mais curto entre dois jogos de Copa desde 1982 , quando caiu ante a Itália
EDUARDO ARRUDA
MARTÍN FERNANDEZ
PAULO COBOS
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A JOHANNESBURGO
Desde 1982, o Brasil não joga uma partida de Copa do
Mundo com um intervalo tão
pequeno para o confronto
anterior como irá fazer amanhã, contra o Chile, na cidade de Johannesburgo.
E o histórico do time nacional na competição mostra
que pouco descanso faz, sim,
muita diferença no placar.
A partida das oitavas de final da Copa do Mundo da
África do Sul no estádio Ellis
Park será realizada só três
dias depois do jogo de encerramento da primeira fase,
contra Portugal, em Durban,
cidade de clima mais quente
e que fica ao nível do mar.
Em Johannesburgo, 1.700
m de altitude e local do duelo
com os chilenos, a temperatura muitas vezes é negativa.
Na última vez que o time
nacional atuou duas vezes
em um intervalo tão pequeno
sua campanha no Mundial
terminou tragicamente.
Na Copa da Espanha,
quando a segunda fase era
disputada em sistema de grupos, o Brasil derrotou a Argentina por 3 a 1 no dia 2 de
julho. No dia 5, enfrentou a
Itália, perdeu por 3 a 2 e viu
uma das mais brilhantes seleções da história cair.
E isso tudo sem o desgaste
de ter que realizar uma viagem, já que ambas as partidas foram disputadas na
mesma cidade, Barcelona.
Pior ainda aconteceu em
1950. O Brasil jogou a decisão
da Copa no estádio do Maracanã lotado, contra o Uruguai, só três dias após golear
a Espanha por 6 a 1, também
no Rio. E nesse jogo aconteceu a mais sofrida derrota (2 a
1) nacional em um Mundial.
O retrospecto geral do Brasil em jogos com até três dias
de intervalo e nos com folga
maior é mais preciso para explicar o efeito do desgaste físico na performance do time.
No primeiro caso, o time
perdeu 33% dos jogos que
disputou por Copas e registrou aproveitamento de 55%.
Quando a folga foi maior, a
incidência de derrotas da seleção brasileira caiu para
apenas 11% e o aproveitamento subiu para 79%.
A média de gols marcados
é 21% menor nos jogos com
calendário apertado, e a de
sofridos cresce quase 70%.
Os brasileiros traçam uma
estratégia simples contra esse quadro histórico ruim.
"O importante é descansar
bem. É isso que vai fazer a diferença", disse o zagueiro e
capitão Lúcio. "Nesta fase da
competição, temos que aproveitar cada oportunidade para relaxar", afirmou o volante Gilberto Silva, um dos quatro jogadores titulares de
Dunga com mais de 30 anos.
Jogar duas vezes em um
intervalo tão curto no Mundial não irá ocorrer com outras seleções que são tidas
como favoritas na África.
E quem tem um "tratamento especial", causado na
verdade porque o time foi cabeça de chave dos grupos cujas partidas foram realizadas
primeiro, é a Argentina.
A seleção comandada pelo
técnico Maradona vai jogar
pelas oitavas de final, hoje,
cinco dias depois do último
jogo da primeira fase.
Se for até a final, a seleção
argentina sempre irá atuar
pelo menos quatro dias depois de seu jogo anterior.
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