São Paulo, domingo, 27 de junho de 2010

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Ale x Ing

80 anos após o 1º encontro, seleções dão real sentido à palavra clássico, hoje, às 11h, no Free State, em Bloemfontein

LUCAS REIS
RENAN CACIOLI
DE SÃO PAULO

Se o futebol banalizou o termo "clássico", Alemanha e Inglaterra tratarão de colocá-lo em seu devido lugar.
Será impossível olhar para o gramado do estádio Free State hoje, às 11h, em duelo válido pelas oitavas de final, e não lembrar da decisão de 1966, no velho Wembley.
Pode não ter mais a elegância do confronto Beckenbauer x Bobby Charlton, mas certamente Klose e Rooney, hoje os expoentes de cada uma das seleções, carregarão para o campo o legado histórico de seus antecessores.
"Pena que chegou cedo demais. É [uma partida] digna de semifinal, não de oitavas", disse Beckenbauer, ele próprio uma testemunha do céu e do inferno germânicos diante dos rivais europeus.
Em 1966, o Kaiser perdeu. Presenciou o único título mundial da Inglaterra na história. Viu, depois de um 2 a 2 no tempo normal, o famoso "gol de Wembley". Um chute de Geofrey Hurst que suscita dúvida até hoje: a bola ultrapassou realmente a linha do gol depois de bater no travessão e quicar no chão?
Os alemães garantem que não. Os ingleses têm certeza de que sim. Talvez, se já existissem as supercâmeras lentas captando até mesmo a deformação da bola ao ser cabeceada, essa discussão nem existisse. Mas teria graça?
Curiosamente, 1966 foi o último grande momento inglês no duelo, que era então dominado pelos lordes. Antes, haviam sido disputados sete amistosos, que começaram com um 3 a 3 em Berlim, em 1930 -seguiram-se seis derrotas alemãs.

TABU GERMÂNICO
O orgulho da geração do Kaiser só começou a mudar a partir de 1968, numa vitória por 1 a 0 em Hannover.
A partir daquele 1º de junho, virou o lado da moeda. Em Copas, os germânicos nunca mais foram batidos.
Em 1970, Beckenbauer iniciou a reação nas quartas de final. O 0 a 2 virou um 3 a 2 na prorrogação. Em 1982, 0 a 0.
Na semifinal de 1990, na Itália, 4 a 3 nos pênaltis. Foi naquela ocasião que o atacante Gary Lineker resumiu o sentimento britânico perante o clássico: "O futebol é um esporte jogado por 11 contra 11 e no qual a Alemanha sempre ganha no final".
Nos jogos decisivos pela Eurocopa, os tricampeões mundiais também reinaram.
A fé inglesa reside em duas datas. Em 1º de setembro de 2001, Michael Owen calou Munique ao marcar três vezes na goleada (5 a 1) pelas eliminatórias para a Copa.
No último encontro, em 2008, a Inglaterra venceu em Berlim por 2 a 1. Lá, onde o clássico começara 78 anos atrás, o zagueiro Terry marcou no fim. Lineker estava errado. Às vezes, a Alemanha também perde no final.


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