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Ale x Ing
80 anos após o 1º encontro, seleções dão real sentido à palavra clássico, hoje, às 11h, no Free State, em Bloemfontein
LUCAS REIS
RENAN CACIOLI
DE SÃO PAULO
Se o futebol banalizou o
termo "clássico", Alemanha
e Inglaterra tratarão de colocá-lo em seu devido lugar.
Será impossível olhar para
o gramado do estádio Free
State hoje, às 11h, em duelo
válido pelas oitavas de final,
e não lembrar da decisão de
1966, no velho Wembley.
Pode não ter mais a elegância do confronto Beckenbauer x Bobby Charlton, mas
certamente Klose e Rooney,
hoje os expoentes de cada
uma das seleções, carregarão
para o campo o legado histórico de seus antecessores.
"Pena que chegou cedo
demais. É [uma partida] digna de semifinal, não de oitavas", disse Beckenbauer, ele
próprio uma testemunha do
céu e do inferno germânicos
diante dos rivais europeus.
Em 1966, o Kaiser perdeu.
Presenciou o único título
mundial da Inglaterra na história. Viu, depois de um 2 a 2
no tempo normal, o famoso
"gol de Wembley". Um chute
de Geofrey Hurst que suscita
dúvida até hoje: a bola ultrapassou realmente a linha do
gol depois de bater no travessão e quicar no chão?
Os alemães garantem que
não. Os ingleses têm certeza
de que sim. Talvez, se já existissem as supercâmeras lentas captando até mesmo a deformação da bola ao ser cabeceada, essa discussão nem
existisse. Mas teria graça?
Curiosamente, 1966 foi o
último grande momento inglês no duelo, que era então
dominado pelos lordes.
Antes, haviam sido disputados sete amistosos, que começaram com um 3 a 3 em
Berlim, em 1930 -seguiram-se seis derrotas alemãs.
TABU GERMÂNICO
O orgulho da geração do
Kaiser só começou a mudar a
partir de 1968, numa vitória
por 1 a 0 em Hannover.
A partir daquele 1º de junho, virou o lado da moeda.
Em Copas, os germânicos
nunca mais foram batidos.
Em 1970, Beckenbauer iniciou a reação nas quartas de
final. O 0 a 2 virou um 3 a 2 na
prorrogação. Em 1982, 0 a 0.
Na semifinal de 1990, na Itália, 4 a 3 nos pênaltis.
Foi naquela ocasião que o
atacante Gary Lineker resumiu o sentimento britânico
perante o clássico: "O futebol
é um esporte jogado por 11
contra 11 e no qual a Alemanha sempre ganha no final".
Nos jogos decisivos pela
Eurocopa, os tricampeões
mundiais também reinaram.
A fé inglesa reside em duas
datas. Em 1º de setembro de
2001, Michael Owen calou
Munique ao marcar três vezes na goleada (5 a 1) pelas
eliminatórias para a Copa.
No último encontro, em
2008, a Inglaterra venceu em
Berlim por 2 a 1. Lá, onde o
clássico começara 78 anos
atrás, o zagueiro Terry marcou no fim. Lineker estava errado. Às vezes, a Alemanha
também perde no final.
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