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JUCA KFOURI
A liga vem aí
Com lei nova ou sem ela,
simplesmente baseada no que
a legislação atual já permite,
a liga nacional dos clubes está
chegando.
No mais tardar, surgirá no
começo do ano que vem, mas,
se tudo der certo, pode ser
fundada ainda em 1997.
A liga é uma necessidade urgente, de ontem, mas não tem
muita pressa.
Está sendo montada cautelosamente, até porque para
vir à luz será necessário, por
exemplo, que seus fundadores
não devam um tostão às entidades que a liga tornará mais
fracas, como a CBF e as inúteis federações estaduais.
As experiências na Inglaterra, na Espanha, em Portugal,
estão sendo cuidadosamente
analisadas, e o caminho da
independência dos clubes está
traçado.
Não será propriamente uma
revolução, parecerá mais uma
reforma, porque, queiramos
ou não, a mudança será feita
ainda pelos homens que dirigem (em regra mal) os nossos
grandes clubes.
Um revolução conservadora, digamos assim.
Mas virá, inexoravelmente.
O capitalismo assim o exige,
os patrocinadores querem, a
TV apóia, o pay-per-view estimula, as bolsas de valores
atraem.
A cada vez maior movimentação de investidores em torno dos clubes de futebol pelo
mundo afora, e no Brasil em
particular por razões mais
que óbvias, começa a seduzir
até muita gente boa que havia
se afastado e já admite a hipótese de voltar, para viver os
novos tempos que sonharam.
Até mesmo experiências
mais recentes como as de
co-gestão começam a ficar superadas, velhas.
O tempo de poucos ganhando muito e de os clubes vivendo na base da socialização da
miséria está com seus dias
contados, razão pela qual tem
cartola de federação querendo inventar a roda.
O futuro é dos clubes, tanto
que até a Fifa se rende e começa a planejar seriamente a
Copa do Mundo deles, algo
impensável outro dia mesmo,
no princípio desta década.
Como era heresia, nos anos
80, falar em fim dos campeonatos estaduais, outra realidade que pode demorar um
pouquinho mais, mas que
também é inevitável.
Enfim, o futuro está chegando. O parto será a fórceps,
porque haverá ainda muita
resistência -além da raspagem do fundo do tacho, a rapinagem final.
Por mais lucrativo, no entanto, que esteja sendo impedir o avanço da História, o
progresso goleará os piratas.
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