São Paulo, domingo, 27 de julho de 1997.



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JUCA KFOURI
A liga vem aí

Com lei nova ou sem ela, simplesmente baseada no que a legislação atual já permite, a liga nacional dos clubes está chegando.
No mais tardar, surgirá no começo do ano que vem, mas, se tudo der certo, pode ser fundada ainda em 1997.
A liga é uma necessidade urgente, de ontem, mas não tem muita pressa.
Está sendo montada cautelosamente, até porque para vir à luz será necessário, por exemplo, que seus fundadores não devam um tostão às entidades que a liga tornará mais fracas, como a CBF e as inúteis federações estaduais.
As experiências na Inglaterra, na Espanha, em Portugal, estão sendo cuidadosamente analisadas, e o caminho da independência dos clubes está traçado.
Não será propriamente uma revolução, parecerá mais uma reforma, porque, queiramos ou não, a mudança será feita ainda pelos homens que dirigem (em regra mal) os nossos grandes clubes.
Um revolução conservadora, digamos assim.
Mas virá, inexoravelmente.
O capitalismo assim o exige, os patrocinadores querem, a TV apóia, o pay-per-view estimula, as bolsas de valores atraem.
A cada vez maior movimentação de investidores em torno dos clubes de futebol pelo mundo afora, e no Brasil em particular por razões mais que óbvias, começa a seduzir até muita gente boa que havia se afastado e já admite a hipótese de voltar, para viver os novos tempos que sonharam.
Até mesmo experiências mais recentes como as de co-gestão começam a ficar superadas, velhas.
O tempo de poucos ganhando muito e de os clubes vivendo na base da socialização da miséria está com seus dias contados, razão pela qual tem cartola de federação querendo inventar a roda.
O futuro é dos clubes, tanto que até a Fifa se rende e começa a planejar seriamente a Copa do Mundo deles, algo impensável outro dia mesmo, no princípio desta década.
Como era heresia, nos anos 80, falar em fim dos campeonatos estaduais, outra realidade que pode demorar um pouquinho mais, mas que também é inevitável.
Enfim, o futuro está chegando. O parto será a fórceps, porque haverá ainda muita resistência -além da raspagem do fundo do tacho, a rapinagem final.
Por mais lucrativo, no entanto, que esteja sendo impedir o avanço da História, o progresso goleará os piratas.




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