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FUTEBOL
Sem errar cobranças desde 1995, seleção é pela primeira vez campeã após passar por duas decisões de penalidades
Competente, Brasil vira 100% no pênalti
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
"Pênalti é competência."
A frase dita pelo técnico Carlos
Alberto Parreira depois de eliminar o Uruguai na semifinal da Copa América e antes de conquistar
o título continental diante da Argentina anteontem explicita bem
a nova forma como o Brasil encara as disputas de pênaltis.
Pela primeira vez na história, a
seleção brasileira ergueu um troféu tendo superado duas decisões
por penalidades máximas. Mais
que isso, os jogadores do país
acertaram todas as suas cobranças. Nos 5 a 3 no Uruguai na semifinal e nos 4 a 2 na Argentina na final, o time brasileiro teve aproveitamento de 100% nos pênaltis.
A última vez que um jogador da
seleção brasileira principal perdeu um pênalti foi na decisão da
Copa América de 1995 -Túlio falhou na final contra o Uruguai em
Montevidéu. Desde então, foram
14 cobranças certas do Brasil
-uma de Dunga ainda em 1995,
quatro contra a Holanda em 1998
e nove na última Copa América.
"Pênalti é qualidade. Batemos
exatamente do jeito que treinamos", disse o capitão da seleção
no torneio peruano, o meia Alex.
Ele converteu a última cobrança
contra o Uruguai na semifinal,
mas ficou de fora da disputa com
a Argentina por ter sentido uma
contusão. Luisão, que também
acertara pênalti contra os uruguaios, foi outro que não pôde bater a penalidade máxima na final.
Apenas o atacante Adriano teve
que bater nas duas disputas de pênaltis da Copa América deste ano,
o que mostra a variedade de cobradores do país -além dele,
converteram no torneio continental Luisão, Luis Fabiano, Renato, Alex, Edu, Diego e Juan.
Zagueiros, volantes, meias e atacantes marcaram. Só faltou gol de
goleiro -Rogério Ceni é o goleiro
do país mais acostumado a bater.
Desde a era Taffarel na seleção
brasileira, o Brasil tem desfrutado
de uma "escola de pegadores de
pênaltis". O flamenguista Júlio
César defendeu uma cobrança na
semifinal e outra na decisão.
Porém Dida, do Milan, e Marcos, do Palmeiras, que disputam
nos últimos anos a camisa 1, já se
consagraram anteriormente pegando penalidades.
"Sabia que pelo menos um pênalti eu iria pegar. O bom é que foi
logo o primeiro, o que deu tranqüilidade para o resto do pessoal", disse Júlio César, que afirma ter defendido pelo menos um
pênalti em oito das nove últimas
disputas de penalidades máximas
em que esteve envolvido.
A seleção brasileira principal já
foi a oito disputas de pênaltis em
torneios de grande expressão em
sua história. Nas cinco primeiras
disputas, levou a pior três vezes, o
que ajudou a disseminar no país a
idéia de que "pênalti é loteria."
O tetracampeonato mundial foi
conquistado nos pênaltis, mas naquela época Parreira não tratava
publicamente as penalidades máximas como "questão de competência" -na final contra a Itália,
Márcio Santos desperdiçou sua
cobrança, e Bebeto, que seria o
quinto a bater, não precisou ser
acionado, pois os italianos foram
ineficientes demais na decisão.
Em 1986, o Brasil perdeu de forma dramática sua primeira disputa de pênaltis. Caiu diante da
França nas quartas-de-final por 4
a 3, e até bola que bateu na trave e
depois no goleiro Carlos entrou.
Começava um certo trauma
com os pênaltis, algo que a Argentina não tinha -avançou à final
da Copa de 1990 vencendo duas
nas penalidades e tirou o Brasil da
Copa América de 1993 assim. Hoje, o trauma virou competência.
Colaborou Fernando Mello, enviado
especial a Lima
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