São Paulo, sexta-feira, 27 de julho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Seleção e torcida dão espetáculo na conquista do bi

Brasileiras goleam os EUA por 5 a 0 e faturam ouro em clima de nostalgia, diante dos 80 mil pessoas no Maracanã

Destaque da final, Marta, a melhor jogadora do mundo, consagra-se como artilheira do Pan e vira a 1ª mulher a gravar os pés no estádio

SÉRGIO RANGEL
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Com milhares de mulheres e crianças no Maracanã lotado, a seleção feminina goleou os EUA, por 5 a 0, ontem à tarde, e ganhou a medalha de ouro no Pan. Em clima de ""nostalgia", as brasileiras deram show no gramado do estádio, que até há semana passada nunca havia recebido um jogo da seleção.
Eleita melhor jogadora do mundo pela Fifa, a meia-atacante Marta foi o destaque da partida. Ela fez uma série de jogadas de efeito, marcou dois gols de pênalti e teve seu nome gritado em coro pelos cerca de 80 mil torcedores. No final do jogo, a alagoana de 20 anos ainda ganhou homenagem na calçada da fama do estádio. Foi a primeira mulher a gravar os pés no lugar.
""Foi um dia muito especial. Um dia que o futebol feminino mostrou para o país que a gente tem condições de estar no lugar mais alto do pódio. A nossa esperança é que isso não pare por aí. Muitas meninas estão querendo jogar e vamos continuar nesta luta", disse Marta.
Ela joga há cerca de quatro anos no Umea, na Suécia. Mesmo fora da primeira partida do torneio, a jogadora foi a artilheira da competição, com 12 gols. Os outros gols da seleção na final de ontem foram marcados pela atacante Cristiane, dois, e pela meia Daniela Alves. Uma das potencias do esporte, os EUA disputaram o Pan com a seleção sub-20.
""Mostramos ao país que o futebol feminino é gostoso de se ver, tem a leveza das jogadoras, dos dribles. Fora isto, o público também deu a resposta. Quantas brigas tivemos aqui hoje? Acredito que nenhuma. Isso resgata aquele futebol antigo. Você vai ao estádio e sabe que vai voltar intacto para casa. Essas meninas proporcionaram isso", disse o técnico Jorge Barcellos, que comandará o time no Mundial, em setembro.
A vitória fácil da seleção deu início mais cedo a festa dos torcedores, que antes do início da partida encontraram dificuldades para entrar no estádio. A 15 minutos do início do jogo ainda havia ao redor do estádio milhares de torcedores com ingressos, formando filas imensas. O que provocou o atraso foi a realização de revistas, obrigando torcedores a passarem pelo detector de metais.
Nas filas, famílias inteiras. Casais e crianças vestidos com camisas da seleção ou em tom amarelo. Muitos com bandeiras e perucas coloridas. Integrantes de organizadas eram raros. ""Foi linda a festa. Nunca tinha visto um jogo assim", disse a estudante Claudia Alencar, 16, que foi ao estádio com um grupo de amigas. De salto alto, calça jeans e camisa da seleção, Claudia diz que é fã de futebol, mas se recusa a jogar futebol por causa do preconceito. ""Se colocar uma chuteira nos meus pés, vai ser difícil arrumar um namorado", afirma.


Texto Anterior: Janio de Freitas: O sentido do esporte
Próximo Texto: Invicta, goleira não acredita em melhorias
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.