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FUTEBOL
Seleção e torcida dão espetáculo na conquista do bi
Brasileiras goleam os EUA por 5 a 0 e faturam ouro em
clima de nostalgia, diante dos 80 mil pessoas no Maracanã
Destaque da final, Marta, a melhor jogadora do mundo, consagra-se como artilheira do Pan e vira a 1ª mulher a gravar os pés no estádio
SÉRGIO RANGEL
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Com milhares de mulheres e
crianças no Maracanã lotado, a
seleção feminina goleou os
EUA, por 5 a 0, ontem à tarde, e
ganhou a medalha de ouro no
Pan. Em clima de ""nostalgia",
as brasileiras deram show no
gramado do estádio, que até há
semana passada nunca havia
recebido um jogo da seleção.
Eleita melhor jogadora do
mundo pela Fifa, a meia-atacante Marta foi o destaque da
partida. Ela fez uma série de jogadas de efeito, marcou dois
gols de pênalti e teve seu nome
gritado em coro pelos cerca de
80 mil torcedores. No final do
jogo, a alagoana de 20 anos ainda ganhou homenagem na calçada da fama do estádio. Foi a
primeira mulher a gravar os pés
no lugar.
""Foi um dia muito especial.
Um dia que o futebol feminino
mostrou para o país que a gente
tem condições de estar no lugar
mais alto do pódio. A nossa esperança é que isso não pare por
aí. Muitas meninas estão querendo jogar e vamos continuar
nesta luta", disse Marta.
Ela joga há cerca de quatro
anos no Umea, na Suécia. Mesmo fora da primeira partida do
torneio, a jogadora foi a artilheira da competição, com 12
gols. Os outros gols da seleção
na final de ontem foram marcados pela atacante Cristiane,
dois, e pela meia Daniela Alves.
Uma das potencias do esporte,
os EUA disputaram o Pan com
a seleção sub-20.
""Mostramos ao país que o futebol feminino é gostoso de se
ver, tem a leveza das jogadoras,
dos dribles. Fora isto, o público
também deu a resposta. Quantas brigas tivemos aqui hoje?
Acredito que nenhuma. Isso
resgata aquele futebol antigo.
Você vai ao estádio e sabe que
vai voltar intacto para casa. Essas meninas proporcionaram
isso", disse o técnico Jorge Barcellos, que comandará o time
no Mundial, em setembro.
A vitória fácil da seleção deu
início mais cedo a festa dos torcedores, que antes do início da
partida encontraram dificuldades para entrar no estádio. A 15
minutos do início do jogo ainda
havia ao redor do estádio milhares de torcedores com ingressos, formando filas imensas. O que provocou o atraso foi
a realização de revistas, obrigando torcedores a passarem
pelo detector de metais.
Nas filas, famílias inteiras.
Casais e crianças vestidos com
camisas da seleção ou em tom
amarelo. Muitos com bandeiras e perucas coloridas. Integrantes de organizadas eram
raros. ""Foi linda a festa. Nunca
tinha visto um jogo assim", disse a estudante Claudia Alencar,
16, que foi ao estádio com um
grupo de amigas. De salto alto,
calça jeans e camisa da seleção,
Claudia diz que é fã de futebol,
mas se recusa a jogar futebol
por causa do preconceito. ""Se
colocar uma chuteira nos meus
pés, vai ser difícil arrumar um
namorado", afirma.
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