São Paulo, domingo, 27 de julho de 2008

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"Nem penso mais em dinheiro"

Capitão da seleção olímpica, Ronaldinho afirma ter recusado proposta melhor ao optar pelo Milan

Estrela do time de Dunga em Pequim, jogador diz não guardar nenhuma mágoa do Barcelona, que deixou após dois anos sem títulos


PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A CINGAPURA

Ronaldinho não quer mais dinheiro. Ele só quer amar. Em entrevista à Folha, em Cingapura, onde está com a seleção olímpica, o meia-atacante disse que não foi para o Manchester City, que fez proposta melhor do que a do Milan, por considerar ter dinheiro suficiente. O duas vezes melhor do mundo também nega que tenha perdido o foco em relação ao futebol nos últimos anos, quando acumulou contusões e quilos extras. Muito mais magro do há duas semanas, ele diz que "ama estar com a bola" e estar pronto para ser o capitão na Olimpíada se Dunga quiser.

 

FOLHA - Como mais experiente do grupo você gosta do papel de líder?
RONALDINHO
- Não vejo que tenho esse papel. Quero ajudar da melhor forma possível. Sou o mais experiente e vou tentar ajudar assim.

FOLHA - Você tem idéia de quantos quilos perdeu?
RONALDINHO
- Sei lá. Eu venho me pesando, mas eu nunca estive muito acima do meu peso. Fiquei três meses parado. Quando você começa a treinar, as coisas voltam ao normal.

FOLHA - Quando negociou com o Milan, colocou a participação na Olimpíada como condição?
RONALDINHO
- Eles já sabiam da minha vontade de disputar a Olimpíada, o que eu também queria se seguisse no Barcelona. Quando pintou a negociação, deixei bem claro para eles que queria disputar a Olimpíada. Foi uma conversa amigável. Há três anos eles queriam me contratar. Ele queriam me ver feliz e, para isso, eu teria que jogar a Olimpíada.

FOLHA - Você tinha uma proposta melhor do Manchester City?
RONALDINHO
- Financeiramente, era bem diferente da oferecida pelo Milan. Mas hoje em dia o Milan é o número um do mundo em termos de estrutura. Por isso a opção pelo Milan.

FOLHA - Então você abriu mão de dinheiro em troca de um projeto que acha melhor?
RONALDINHO
- Hoje tenho uma situação estável. Tenho a felicidade de fazer o que mais gosto. Por isso nem penso em dinheiro. Penso em disputar grandes competições, estar perto dos grandes jogadores, e o Milan me proporciona tudo isso.

FOLHA - Ficou alguma mágoa do Barcelona após o desgaste nos últimos meses?
RONALDINHO
- Nenhuma. Só lembranças memoráveis e grandes amigos.

FOLHA - Mas o que mudou lá no final da sua passagem?
RONALDINHO
- É muita coisa que a imprensa coloca que não é verdade. Até o final a torcida queria que eu ficasse. Foram dois anos sem títulos, especulam coisas, a inventar fatos que não eram verdadeiros. Mas chegou a hora de mudar.

FOLHA - Você perdeu o foco no futebol nos últimos meses?
RONALDINHO
- Jamais perdi o foco. Adoro treinar, amo estar com a bola. Nunca perdi o foco.

FOLHA - Você gostaria de ser o capitão da seleção brasileira na Olimpíada de Pequim?
RONALDINHO
- Sem dúvida, eu me sinto maduro [o técnico Dunga já definiu que dará a tarja de capitão ao jogador]. Todo mundo sabe o que eu já vivi na seleção. Estou à disposição do Dunga. Seria mais uma motivação para fazer o meu melhor.

FOLHA - Você pode ir para a Vila Olímpica, em Pequim. Como imagina ser o assédio de milhares de outros atletas?
RONALDINHO
- Eu me vejo como mais um que vai estar lá, que vai ter a chance de ver atletas do mundo todo, coisa que você só vê pela televisão. Estou muito feliz por ter essa oportunidade.


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