São Paulo, domingo, 27 de julho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Estilo Vuaden "mundializa" Brasileiro

Árbitro gaúcho que marca 31 faltas em média por jogo no Nacional escancara exagero de infrações nas partidas do país

Evandro Roman, juiz que teve atuação desastrosa no Canindé e que dá mais faltas que a média do torneio, não é afastado e volta na quarta


RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Há um chavão no futebol de que ""cada jogo é uma história". Dependendo do estilo do árbitro, as histórias são mesmo bem diferentes. Leandro Vuaden, árbitro mais elogiado do Brasileiro, e Evandro Rogério Roman, juiz que teve a atuação mais desastrosa da disputa, exemplificam bem essa tese.
O árbitro gaúcho que brilhou especialmente nos jogos Palmeiras 3 x 1 Fluminense e São Paulo 2 x 1 Botafogo tem a sua fama de deixar o jogo correr comprovada pelo Datafolha. Vuaden marca em média 31 faltas por partida, um número bem abaixo da média dos demais juízes do atual Brasileiro (40,6 infrações por jogo).
Já o paranaense Roman, que trabalhou no polêmico 2 a 2 entre Portuguesa e Flamengo, é um emérito apitador de faltas (42 por jogo). No Canindé, na quarta, além de ter validado dois gols do Flamengo em que atletas levaram as mãos à bola, Roman, 35, deu três pênaltis discutíveis -os jogadores mais se jogaram no chão do que caíram pelo contato com um rival.
""Minha filosofia é deixar o jogo movimentado, mas nada de apelo à violência. É espetáculo bonito, na bola. O jogador brasileiro, pela qualidade, tem que jogar, não fazer cai-cai. É fazer o cara jogar, permitir contato que faz parte do espetáculo, contato limpo. Esse é meu trabalho e que bom que está sendo bem aceito", diz Vuaden.
O juiz gaúcho, que foi elogiado até pelos derrotados botafoguenses no último final de semana, diz que não é um fato isolado no Brasil e que há uma ordem superior agora para não parar tanto o jogo com faltas.
""A CBF nos orientou a não apitar tantas faltas, que fôssemos mais criteriosos. No futebol gaúcho, há choque, pegada, não marcamos qualquer falta. E eu sou assim, eu quero ver um grande espetáculo. Dificilmente passo de 30 faltas [por jogo]. Os primeiros minutos são cruciais. Se você não marcar falta no começo, o atleta não vai simular mais, vai tentar jogar."
Roman não só não foi suspenso por sua péssima atuação no Canindé como acabou escalado para o jogo Figueirense x São Paulo na próxima quarta-feira. O time do Morumbi deverá experimentar, portanto, dois estilos de arbitragem bem diferentes logo em seqüência -o São Paulo é um dos clubes que mais reclamam dos juízes nacionais que travam os jogos.
Deixando o jogo correr, Vuaden, 33, faz partidas com mais gols (em média, os jogos dele têm 3,4 gols) que Roman (3 por partida) -a média de gols por jogo do campeonato é de 2,68. Com menos faltas, também há menos cartões amarelos e vermelhos nas partidas de Vuaden (4 amarelos e 0,2 vermelho).
A Folha tentou falar nos últimos dias com Sérgio Corrêa da Silva, presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, mas ele disse, primeiro, estar ocupado com sorteios de árbitros e, depois, não atendeu o seu celular.
Em partidas na Europa, em especial na Inglaterra, é comum jogos terem apenas uma dezena de faltas. Nas competições da Conmebol, a arbitragem também costuma não parar tanto o jogo, o que causa certo estranhamento para alguns atletas que atuam no país.


Texto Anterior: Oportunista: Japão busca se promover na China
Próximo Texto: O que ver na TV
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.