São Paulo, sexta-feira, 27 de agosto de 2004

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FUTEBOL

Contra EUA, Brasil perde medalha inédita no esporte, mas festeja 1º pódio feminino

Mulheres castigam trave, raspam no ouro e caem no final da prorrogação

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

Mônica já sabe o que dirá ao filho Felipe, 6, quando pisar em São Carlos, no dia 2. "Mamãe queria te dar o ouro. Mas só conseguiu a prata. Toma, ela é sua."
Mamãe joga na Ferroviária e é zagueira da seleção. E ontem foi vencida pela americana Abby Wambach a nove minutos do fim da prorrogação da final olímpica.
Após cobrança de escanteio, a atacante subiu mais do que Mônica e, de cabeça, encobriu a goleira Andréia: 2 a 1 para os EUA.
Foi o fim do sonho de 18 brasileiras. Que chutaram duas bolas na trave e que tentaram fazer o que os homens do país do futebol nunca conseguiram: conquistar uma medalha de ouro nos Jogos. Ontem, o Brasil disputou a terceira final olímpica no futebol.
No pódio, cada uma com sua prata e com a bolinha de tênis dada pelo técnico Renê Simões em 8 de março e que simbolizava a medalha olímpica. Houve choro. No banco, o treinador também não agüentou: "Prometi me segurar. Mas elas ali, com a coroa de folhas de oliveira... Lembrei da minha filha, Beatriz, que vai se casar em novembro. Aí não agüentei".
Foi a primeira medalha olímpica da seleção feminina do Brasil. Nas outras duas participações, Atlanta e Sydney, o time não havia saído da quarta colocação.
O título, pela segunda vez, ficou com as americanas. Bicampeões mundiais (91 e 99), ouro em Atlanta e prata em Sydney, os EUA sofreram. E fizeram, com o Brasil, o melhor jogo de toda a competição feminina.
Uma partida que, apesar do público de apenas 10.416 pessoas no estádio Karaiskaki, começou quente. Aos 3min, o Brasil aplicou o primeiro susto nos EUA.
Rosana recebeu de Marta, passou por duas americanas e chutou de fora da área, resvalando o travessão. Dois minutos depois, Marta mais uma vez avançou, chutou, e a bola sobrou para Elaine disparar. A goleira Scurry jogou para escanteio.
Os EUA retrucaram aos 9min. Lilly serviu Wambach que disparou ao gol. Andréia defendeu.
Com os dois times no ataque, o jogo ficou aberto. E, a exemplo do que ocorreu na fase de classificação, com alguns lances violentos.
Aos 20min, a melhor jogada do primeiro tempo. Marta passou por cinco adversárias, levantou o estádio, mas tocou para Cristiane, em posição de impedimento.
O primeiro gol saiu aos 39min após um erro da juíza. E foi americano. Boxx tocou com a mão na bola e passou para a meia Tarpley, que chutou no canto e fez 1 a 0.
No segundo tempo, nervoso, o Brasil só conseguiu acertar a primeira jogada aos 11min. Com Daniela, que recebeu bom passe de Marta, mas chutou para fora.
O lance empolgou a seleção brasileira. Que empatou após uma bela jogada de Cristiane, aos 27min. Ela avançou pela esquerda, se livrou de Markgraf e Fawcett e cruzou rasteiro. Scurry desviou nos pés de Pretinha: 1 a 1.
E então começou a saga das bolas na trave. Aos 32min, Cristiane, em jogada individual, chutou de fora da área, e bola explodiu na trave com Scurry já vencida. Aos 42min, Marta serviu Pretinha, que limpou a defesa e chutou. Pela segunda vez, na trave dos EUA.
"Não era para entrar. Hoje [ontem] não era", disse a atacante, veterana de três Olimpíadas.
Com o 1 a 1, a prorrogação. Que foi acirrada como todo o jogo até que, aos 6min do segundo tempo, Wambach cabeceou. A bola encobriu Andréia e ainda resvalou em Juliana antes de entrar. Resultado: Felipe vai ganhar a prata.


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