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GINÁSTICA
A ginasta Daiane dos Santos, que diz sentir raiva por não ter conquistado medalha em Atenas, desfila em carro do Corpo de Bombeiros
Daiane diz que, apesar de forçarem, não irá chorar
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
A emoção que Daiane dos Santos, 21, conseguiu controlar após a
apresentação com falhas que a tirou do pódio na segunda-feira,
em Atenas, deu lugar ao desabafo.
Ela disse ontem, em Curitiba, que
estava com "muita raiva", mas
que não iria chorar.
Daiane, as ginastas Daniele
Hypólito, Camila Comin, Ana
Paula Rodrigues, Caroline Molinari e Laís Silva e a chefe de equipe
brasileira, Eliane Martins, desfilaram em carro do Corpo de Bombeiros do aeroporto Afonso Pena,
em São José dos Pinhais, até o hotel Rayon, no centro de Curitiba.
A volta sem medalha -ela viajou para Atenas como favorita no
solo e obteve o quinto lugar-
não tirou de Daiane o brilho de
estrela. Ela era apontada por
quem parou para ver o desfile e
concentrou a atenção dos jornalistas durante a entrevista.
Daiane contou que a perda da
medalha despertou sua raiva só
depois da quarta pergunta sobre
se não tinha chorado, mesmo sozinha, depois de frustrado o sonho de vencer nesta Olimpíada.
Suas respostas provocaram
aplausos de familiares das atletas
e funcionários do hotel que assistiram à entrevista. "Eu não entendo essa coisa de chorar", afirmou
a ginasta, sobre a insistência da
imprensa no assunto.
Na quarta pergunta, ela fez um
desabafo. "Claro que fiquei com
raiva. Você acha que não fiquei
com raiva? Não foi raiva de ninguém, mas de mim mesma: poxa,
quem errou fui eu. Eu sabia que
poderia ter conseguido e não consegui uma medalha. E você sabe o
quanto isso é importante não só
para você, mas para milhares de
pessoas que estão te assistindo e
milhares de pessoas que trabalharam com você", declarou.
"Mas, mais importante do que
para todo mundo, é para você que
treinou. Imagine como você se
sente, se poderia ter sido campeã
olímpica e não foi? Óbvio, eu poderia ter me derretido chorando,
mas não, não chorei. Estou morrendo de raiva, mas quero treinar
muito, muito mesmo, e só isso
que vou fazer agora."
Daiane ainda disse que acredita
ter "puxado isso", o fato de não
chorar, de sua mãe. "Ela é assim.
Meu pai também. Acho que isso
vem de família. Estou com muita
raiva mesmo, estou puta da cara
porque não consegui, mas não
vou chorar, e acho que é mais porque as pessoas querem que eu
chore. E eu não vou chorar e acabou", finalizou Daiane.
As ginastas foram homenageadas com um almoço do qual familiares também participaram. Antes, ao chegar, as garotas foram
recebidas com tapete vermelho,
duo de pistom e coro de funcionários do hotel. "Tenho muito orgulho dela. Estou maravilhada", disse Maria Verônica Bezerra dos
Santos, 37, camareira que colocou
no pescoço de Daiane uma medalha simbólica. Ela ergueu a ginasta
quando a abraçou.
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