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HIPISMO
Pessoa trava hoje revanche com Baloubet
EDGARD ALVES
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS
Em 1º de outubro de 2000,
crianças, jovens e adultos ouviram e repetiram a palavra refugar,
pouco usual no cotidiano nacional (no hipismo é a recusa do cavalo em saltar um obstáculo). Era
o último dia dos Jogos de Sydney.
O conjunto -cavaleiro Rodrigo Pessoa e cavalo Baloubet du
Rouet- estava tinindo e era franco favorito na prova individual de
saltos. No momento decisivo, porém, Baloubet refugou três vezes,
e o conjunto foi eliminado.
Hoje, Pessoa e Baloubet estão
novamente nas finais do torneio
individual olímpico. Nascido em
1989, Baloubet realiza sua última
Olimpíada. Só Albin 3º, 16, do italiano Juan Carlos Garcia, é mais
velho. Dois outros estão na faixa
dos 15 anos: Cento, do alemão Otto Becker, e Tinka's Boy, do suíço
Markus Fuchs.
"Não apaga, entrou bem no
fundo, fica lá bem escondido",
disse Pessoa, relembrando o tropeço registrado na Austrália.
Foi uma reação instintiva do cavalo -de preservação, defesa,
susto, medo. Pode ter sido qualquer coisa. E "Baloubet" virou sinônimo de refugo. Exemplo: engraçadinhos não aceitavam a recusa de companhia para uma cervejinha, e lá vinha o gracejo: "Vai
dar uma de Baloubet?".
O que ficou marcado para os
brasileiros tornou-se frustração
para Pessoa. Quando disse que está bem "escondido", explicou que
é melhor, porque não o perturba.
"Estou bem, e o cavalo não tem
nenhum problema", falou.
Entre os 45 concorrentes no
Centro Eqüestre Markopoulo,
dois outros são brasileiros: Álvaro
Miranda, o Doda, com Countdown 23, e Luciana Diniz-Kniplling, com Mariachi.
É uma nova disputa, com todos
os inscritos partindo do zero. A
primeira passagem, a partir das
10h30, elimina 25. A final começa
às 14h30 com os conjuntos trazendo o resultado da manhã.
O pai de Rodrigo Pessoa, Nelson Pessoa, 68, técnico da equipe
brasileira, evita comentar as refugadas de Sydney e acredita num
bom resultado.
Nas três etapas da classificatória, Pessoa ficou em 18º lugar,
com 14 pontos perdidos (pela ordem, cinco, zero e nove). Nada
disso preocupa, nem mesmo o
comportamento aparentemente
arredio do cavalo, que exigiu comando forte na terça-feira.
A versão de Pessoa, que conhece bem o animal, é diferente. Disse que o garanhão (cavalo não
castrado) estava "alegre", o que é
bom, mas que esse comportamento pode provocar distração.
Pessoa tem os títulos de campeão mundial em Roma-98 e é tri
da Copa do Mundo (Helsinque-98, Gotemburgo-99 e Las Vegas-00). É o mais bem ranqueado em
Atenas - é o segundo do mundo.
O currículo não o torna favorito. A americana Beezie Madden
zerou a pista nas três passagens. O
alemão Ludger Beerbaum também -teve um ponto perdido
por ultrapassar o limite de tempo.
Ao todo, 17 conjuntos ficaram à
frente de Pessoa e Baloubet.
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