São Paulo, sexta-feira, 27 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

HIPISMO

Pessoa trava hoje revanche com Baloubet

EDGARD ALVES
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

Em 1º de outubro de 2000, crianças, jovens e adultos ouviram e repetiram a palavra refugar, pouco usual no cotidiano nacional (no hipismo é a recusa do cavalo em saltar um obstáculo). Era o último dia dos Jogos de Sydney.
O conjunto -cavaleiro Rodrigo Pessoa e cavalo Baloubet du Rouet- estava tinindo e era franco favorito na prova individual de saltos. No momento decisivo, porém, Baloubet refugou três vezes, e o conjunto foi eliminado.
Hoje, Pessoa e Baloubet estão novamente nas finais do torneio individual olímpico. Nascido em 1989, Baloubet realiza sua última Olimpíada. Só Albin 3º, 16, do italiano Juan Carlos Garcia, é mais velho. Dois outros estão na faixa dos 15 anos: Cento, do alemão Otto Becker, e Tinka's Boy, do suíço Markus Fuchs.
"Não apaga, entrou bem no fundo, fica lá bem escondido", disse Pessoa, relembrando o tropeço registrado na Austrália.
Foi uma reação instintiva do cavalo -de preservação, defesa, susto, medo. Pode ter sido qualquer coisa. E "Baloubet" virou sinônimo de refugo. Exemplo: engraçadinhos não aceitavam a recusa de companhia para uma cervejinha, e lá vinha o gracejo: "Vai dar uma de Baloubet?".
O que ficou marcado para os brasileiros tornou-se frustração para Pessoa. Quando disse que está bem "escondido", explicou que é melhor, porque não o perturba.
"Estou bem, e o cavalo não tem nenhum problema", falou.
Entre os 45 concorrentes no Centro Eqüestre Markopoulo, dois outros são brasileiros: Álvaro Miranda, o Doda, com Countdown 23, e Luciana Diniz-Kniplling, com Mariachi.
É uma nova disputa, com todos os inscritos partindo do zero. A primeira passagem, a partir das 10h30, elimina 25. A final começa às 14h30 com os conjuntos trazendo o resultado da manhã.
O pai de Rodrigo Pessoa, Nelson Pessoa, 68, técnico da equipe brasileira, evita comentar as refugadas de Sydney e acredita num bom resultado.
Nas três etapas da classificatória, Pessoa ficou em 18º lugar, com 14 pontos perdidos (pela ordem, cinco, zero e nove). Nada disso preocupa, nem mesmo o comportamento aparentemente arredio do cavalo, que exigiu comando forte na terça-feira.
A versão de Pessoa, que conhece bem o animal, é diferente. Disse que o garanhão (cavalo não castrado) estava "alegre", o que é bom, mas que esse comportamento pode provocar distração.
Pessoa tem os títulos de campeão mundial em Roma-98 e é tri da Copa do Mundo (Helsinque-98, Gotemburgo-99 e Las Vegas-00). É o mais bem ranqueado em Atenas - é o segundo do mundo.
O currículo não o torna favorito. A americana Beezie Madden zerou a pista nas três passagens. O alemão Ludger Beerbaum também -teve um ponto perdido por ultrapassar o limite de tempo. Ao todo, 17 conjuntos ficaram à frente de Pessoa e Baloubet.


Texto Anterior: O personagem: Após falha decisiva, "mulher de gelo" não resiste e cai no choro
Próximo Texto: Poliesportivo - Handebol: Brasil perde da Coréia e joga pelo 5º lugar
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.