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São Paulo "entorpece" Náutico e goleia
Pela primeira vez neste Brasileiro, atual líder vence marcando mais de três gols; defesa, pela 14ª vez, passa incólume
São Paulo 5
Náutico 0
MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL
No Nacional, o líder São Paulo "impõe com seu jogo o ritmo
do chumbo (e o peso) da lesma,
da câmara lenta, do homem
dentro do pesadelo. Ritmo líquido se infiltrando no adversário, grosso, de dentro, impondo-lhe o que ele deseja, mandando nele, apodrecendo-o".
Os versos são do pernambucano João Cabral de Melo Neto
(1920-1999), que não era torcedor do Náutico, mas do Santa
Cruz. Foram dedicados a Ademir da Guia, ídolo histórico do
Palmeiras, o rival do São Paulo
na próxima quarta. Explicam
com perfeição a campanha do
time do Morumbi, que ontem
venceu os conterrâneos do poeta num 5 a 0 improvável.
Com um futebol hipnótico,
por vezes sonolento, sólido na
defesa, quase italiano no conceito, o time não se afoba. Move-se no campo como que se tivesse pouco interesse pelo gol,
que parece prever. Não tem a
avidez e o brilho das máquinas
goleadoras. Irrita a torcida, que
jamais verá na paciência uma
virtude. Mas ganha.
Sua retaguarda somou a 14ª
partida sem sofrer gols no torneio. E o ataque finalmente
brindou o torcedor com uma
chuva de gols -a primeira vitória por mais de três neste Brasileiro. Antes, porém, "entorpeceu" o Náutico, até que o rival
desmoronasse.
A rigor, o primeiro tempo teve somente três lances. Logo no
início do jogo, uma cabeçada
após escanteio só não entrou
porque o meia Daniel Paulista
salvou em cima da linha. Aos
30min, veio a falta de convicção
de Borges na hora de completar
cruzamento da direita.
Fora isso, apenas o Náutico
assustou, em jogada que Sidny
apareceu cara a cara com Rogério, que abafou o chute.
O início da etapa final chegou
a ser divertido. Tentando cruzar da ponta esquerda, o volante Richarlyson esteve perto de
fazer o mais improvável gol de
bicicleta de todos os tempos. A
bola caiu assustando o goleiro.
Aos 10min, o ala Souza recebeu um carrinho violento de
Acosta, e os ânimos se exaltaram. Irritado, Souza acabou
dando uma cotovelada acidental no juiz Wagner Tardelli.
Tardelli expulsou o uruguaio,
que ficou implorando, junto
com meio time do Náutico, um
vermelho para Souza. "Ele te
deu uma cotovelada", dizia o
gestual dos atletas do time.
O cartão vermelho foi a deixa
para a goleada. Logo depois,
Dagoberto abriu o placar. O segundo gol surgiu de um pênalti
desnecessário de Hamilton em
Souza, batido por Rogério. Os
três restantes vieram no embalo de Hugo e Aloísio, que entraram na segunda etapa.
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