São Paulo, segunda-feira, 27 de agosto de 2007

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São Paulo "entorpece" Náutico e goleia

Pela primeira vez neste Brasileiro, atual líder vence marcando mais de três gols; defesa, pela 14ª vez, passa incólume

São Paulo 5
Náutico 0

MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL

No Nacional, o líder São Paulo "impõe com seu jogo o ritmo do chumbo (e o peso) da lesma, da câmara lenta, do homem dentro do pesadelo. Ritmo líquido se infiltrando no adversário, grosso, de dentro, impondo-lhe o que ele deseja, mandando nele, apodrecendo-o".
Os versos são do pernambucano João Cabral de Melo Neto (1920-1999), que não era torcedor do Náutico, mas do Santa Cruz. Foram dedicados a Ademir da Guia, ídolo histórico do Palmeiras, o rival do São Paulo na próxima quarta. Explicam com perfeição a campanha do time do Morumbi, que ontem venceu os conterrâneos do poeta num 5 a 0 improvável.
Com um futebol hipnótico, por vezes sonolento, sólido na defesa, quase italiano no conceito, o time não se afoba. Move-se no campo como que se tivesse pouco interesse pelo gol, que parece prever. Não tem a avidez e o brilho das máquinas goleadoras. Irrita a torcida, que jamais verá na paciência uma virtude. Mas ganha.
Sua retaguarda somou a 14ª partida sem sofrer gols no torneio. E o ataque finalmente brindou o torcedor com uma chuva de gols -a primeira vitória por mais de três neste Brasileiro. Antes, porém, "entorpeceu" o Náutico, até que o rival desmoronasse.
A rigor, o primeiro tempo teve somente três lances. Logo no início do jogo, uma cabeçada após escanteio só não entrou porque o meia Daniel Paulista salvou em cima da linha. Aos 30min, veio a falta de convicção de Borges na hora de completar cruzamento da direita.
Fora isso, apenas o Náutico assustou, em jogada que Sidny apareceu cara a cara com Rogério, que abafou o chute.
O início da etapa final chegou a ser divertido. Tentando cruzar da ponta esquerda, o volante Richarlyson esteve perto de fazer o mais improvável gol de bicicleta de todos os tempos. A bola caiu assustando o goleiro.
Aos 10min, o ala Souza recebeu um carrinho violento de Acosta, e os ânimos se exaltaram. Irritado, Souza acabou dando uma cotovelada acidental no juiz Wagner Tardelli.
Tardelli expulsou o uruguaio, que ficou implorando, junto com meio time do Náutico, um vermelho para Souza. "Ele te deu uma cotovelada", dizia o gestual dos atletas do time.
O cartão vermelho foi a deixa para a goleada. Logo depois, Dagoberto abriu o placar. O segundo gol surgiu de um pênalti desnecessário de Hamilton em Souza, batido por Rogério. Os três restantes vieram no embalo de Hugo e Aloísio, que entraram na segunda etapa.

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