São Paulo, sábado, 27 de agosto de 2011

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RITA SIZA

Bolt corre pra história


Se ele ganhar, conseguirá um hat-trick no ouro mundial, um feito inédito e extraordinário


Com os QUATRO homens que poderiam fazer sombra ao relâmpago humano Usain Bolt na corrida dos 100 m afastados por doping ou a recuperar de lesões bem longe de Daegu, o Campeonato Mundial na Coreia do Sul já perdeu metade de seu interesse.
A supremacia do jamaicano não está minimamente em risco, mas a sua esperada vitória não terá a mesma categoria -isso apesar de ele dizer que só o título mundial lhe garantirá o estatuto de "lenda" da modalidade. É verdade que, se ele ganhar, conseguirá um hat-trick no ouro mundial, feito inédito e extraordinário.
Reconheço que é muito injusto atribuir 50% do interesse de um campeonato com mais de 20 disciplinas a uma única prova.
O torneio terá muitos outros duelos emocionantes: a tricampeã americana dos 200 m, Allyson Félix, vai em busca do seu quarto título e ainda da vitória nos 400 m, ameaçada pela compatriota Sanya Richards-Ross e por Amantle Montsho, de Botsuana. O australiano Steve Hooker e o francês Renaud Lavillenie certamente vão dar espetáculo quando medirem forças no salto com vara.
E, para a torcida brasileira, será excitante ver o concurso feminino, com o retorno da russa Elena Isinbaieva a pressionar Fabiana Murer.
Mas convenhamos que a corrida dos 100 m é uma prova especial, e a emoção acrescida que uma rivalidade pessoal atribui à competição anima ainda mais a curiosidade no resultado. Bolt, sem dúvida um fenómeno talvez irrepetível, vai correr sem oposição.
O seu conterrâneo Asafa Powell, que este ano tem sido o homem mais rápido do mundo, está magoado e não pode competir, tal como o também jamaicano Steve Mullings, desqualificado por falhar os testes antidoping. O mesmo aconteceu ao americano Mike Rodgers, outro potencial rival. Para não falar no britânico Tyson Gay, que também tem tempos melhores que os de Bolt em 2011 e que está afastado com uma lesão na anca.
O relâmpago Bolt admitiu que não está no seu melhor -e as prestações na Liga Diamante comprovam que o homem supersónico está longe do seu auge de Pequim-2008. "Muitos dizem que sou uma lenda, mas por enquanto não me sinto assim. Se vencer este campeonato, então serei. Há muita gente que ganha campeonatos, e muita gente que bate recordes, mas poucas pessoas são capazes de fazer isso todos os anos, em todas as competições, especialmente na velocidade", lembrou ele.
É garantido que a corrida vai ficar na história, principalmente se ele perder.


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