São Paulo, quinta-feira, 27 de setembro de 2007

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"Técnico polêmico é que é bom", diz vice corintiano

Antoine Gebran apóia Nelsinho, que falou ter assumido por "grana e publicidade"

Treinador, ouvido pela Folha em conversa telefônica, afirmou que, se quisesse ganhar dinheiro, teria feito contrato longo e com multa

EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

A diretoria do Corinthians respaldou as declarações do técnico Nelsinho Baptista, que disse, em diálogo ouvido pela Folha na última segunda-feira, que assumia o clube alvinegro por "grana e publicidade".
"Futebol é assim. É polêmico. Técnico polêmico é que é bom", declarou o vice de futebol, Antoine Gebran.
Na conversa, logo após reunião com Gebran que definiu sua contratação até o fim do ano, Nelsinho falou com um interlocutor sobre seu retorno ao Parque São Jorge. O repórter telefonou para o treinador, que atendeu a ligação. Não respondeu, mas deixou o celular ligado enquanto falava com a outra pessoa. O telefonema foi feito às 22h55 e durou 15min32s.
Ontem, a reportagem tentou ouvir o técnico, mas ele não quis dar entrevista. Afirmou, por meio da assessoria de imprensa do clube, que, se tivesse aceitado o cargo por dinheiro, teria exigido um contrato mais longo e com multa rescisória.
O treinador até tentou isso, mas a diretoria só aceitava contrato até o final da temporada, sem cláusula de rescisão. Por R$ 120 mil mensais, assegurados até dezembro, Nelsinho fechou com o Corinthians.
O contrato de três meses foi uma imposição da diretoria por conta da eleição de 9 de outubro. O próximo presidente corintiano pode não querer ter o técnico no clube em 2008.
Segundo Gebran, Nelsinho é "vencedor, experiente, capaz e tem currículo". "Ele está recomeçando. Está voltando para a vitrine mesmo", concordou o cartola sobre o fato de o treinador ter dito retornar ao clube para fazer sua "publicidade".
"Vaidade pessoal todos temos. O que ele falou vai ter que recompensar dentro das quatro linhas", disse Gebran.
"Neste momento, a preocupação chama-se Corinthians. A preocupação é tirar o time da zona do rebaixamento. Se ele conseguir, vou considerá-lo o melhor técnico do Brasil", falou o cartola, que se diz candidato à presidência do clube.
"Se ele fizer o que precisa [evitar o rebaixamento] tenho certeza de que teremos feito, aliás, de que eu fiz uma grande contratação", complementou.
O interlocutor que falou com Nelsinho na conversa ouvida pela Folha afirmou ainda que, se o time escapar do rebaixamento, o técnico deve pedir mais dinheiro ao clube. Ele afirmou também que, caso sua passagem não dê certo, haver uma possibilidade de o treinador ir para o Goiás em 2008.
Ontem, a assessoria de imprensa do clube goiano disse que houve conversa com Nelsinho após a saída de Paulo Bonamigo, há duas semanas.
Alguns conselheiros do Corinthians mostraram revolta com as declarações de Nelsinho. "Isso mostra que cada vez mais o futebol não é profissional. Ele está pensando só nos interesses dele, não na instituição. Esqueceu que, se um dia a instituição acabar, ele não é mais ninguém. O Corinthians não vai acabar, ainda mais com o Nelsinho", afirmou o ex-vice de futebol Rubens Gomes.
O presidente do Conselho de Orientação, Antonio Roque Citadini, disse que apóia Nelsinho, mas fez uma observação. "Foi uma colocação pouco feliz. Mas, obviamente, o Corinthians só promove sendo bom o trabalho dele", declarou.


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