São Paulo, sábado, 27 de setembro de 2008

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MOTOR

Torcendo contra


No Brasil, é praxe apresentar uma conta para convencer o governo e surgir com outra na hora de organizar o evento

FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

O TCU prestou enorme serviço nesta semana ao tornar público seu relatório sobre os gastos no Pan e cobrar explicações ao Ministério do Esporte e às estatais. Em suma, a União gastou R$ 1,6 bilhão com o evento, 1.589% a mais do que a previsão feita quando o país se candidatou a recebê-lo, em 2001.
Mas como R$ 94,7 milhões podem virar R$ 1,6 bilhão? Simples. Para seduzir o poder público e aumentar as chances na luta por um evento, o organizador lança um orçamento qualquer. Vitória garantida, as contas reais começam a ser passadas ao governo. Que, para não fazer feio aos olhos do resto do mundo, banca. Resultado: nós pagamos a bomba.
E por que isso, agora, numa coluna que se intitula Motor? Porque neste exato momento acontece coisa parecida em Interlagos. O evento em questão, a volta da MotoGP ao país.
Nada contra uma etapa do Mundial em São Paulo. Muito pelo contrário, seria sensacional ver Rossi, Stoner, Pedrosa, Lorenzo e cia. acelerando -e caindo- por aqui. O problema é o modo de fazer as coisas. Técnicos da FIM estiveram no circuito, aprovaram-no para receber as motos, mas com uma condição: que a prova aconteça no sentido horário.
Ou seja, na contramão do habitual.
O motivo, segurança. Só que a lista de obras para um GP no avesso é extensa. Passa por inversão das zebras, por alterações profundas nas áreas de escape do Café, do Bico de Pato, do S do Senna, e por aí vai.
Daí que na semana passada aconteceu uma reunião entre a empresa que representa a MotoGP no Brasil e funcionários da Prefeitura de São Paulo -Clóvis Carvalho, secretário de Governo, à frente.
Os promotores levaram um estudo de custos das obras: R$ 6 milhões. Só com as adequações e melhorias da pista para a F-1, a cidade gasta todo ano mais de R$ 20 milhões. Não é preciso ser engenheiro civil para perceber que R$ 6 milhões para obras tão profundas é muito pouco.
Percebeu onde isso pode chegar? Tomara que a prova não saia. É triste escrever isso, mas não resta escolha. Porque mais triste é perceber, depois, que saiu mais caro.

CHOVE CHUVA
O deslumbrante cenário noturno de Cingapura é o único ponto positivo do GP deste fim de semana. O traçado é estreito, o asfalto é absurdamente ondulado, há muro para todo lado, várias zebras mal colocadas e um serviço de resgate dos carros sofrível. Ninguém vai passar ninguém, pode esperar uma corrida chata. A esperança é a chuva.

SAI DA FRENTE
Entre 2001 e 2005, Rossi foi absoluto na principal categoria da moto. Daí, escorregou em 2006 e 2007. Na próxima madrugada, a não ser que aconteça uma tragédia, garantirá o hexa. Com toda a pinta de que vai começar uma nova seqüência.

fseixas@folhasp.com.br



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