São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 2011

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LÚCIO RIBEIRO

Os quatro Dagobertos


Um Dagoberto incomoda muita gente. Quatro Dagobertos incomodam muito mais


O Brasileirão está servindo para consagrar dois tipos de jogadores: o "melhor pior jogador", tipo o Luan, do Palmeiras, assunto para outra oportunidade; e o "pior melhor jogador", caso do badalado (para o bem ou para o mal) Dagoberto, do São Paulo. Nosso episódio de hoje é dedicado ao "Dagol".
Se o time do Morumbi continua firme pleiteando seu quarto título em seis anos no Nacional, é muito por culpa de Dagoberto, vice-artilheiro do time e um dos líderes em assistências de 2011. E dono de dois Brasileiros pelo São Paulo desde que chegou em 2007, com fama de "novo Zico".
Mas, mesmo com esse pedigree de campeão, com a importância comprovada em campo e com os números, cada vez mais Dagoberto parece não emplacar nos quesitos "imprescindível e "simpatia". Queria dizer que considero ao mesmo tempo Dagoberto um craque e um enigma.
Por que ele é tão importante em um elenco sempre tão selecionável e nunca vai à seleção? Por que é destaque em um time exportador de talentos e nunca tem proposta de um time de expressão da Europa?
Diante da polêmica dagobertiana, fui a um são-paulino de corpo e alma, atento ao time em seus "internal affairs" e nas arquibancadas. Descobri que o Dagoberto na verdade são quatro.
1) O Dagoberto da TV: nos melhores momentos, ele aparece bem. Faz gols, bonitos na maioria, e seus passes ganham bastante destaque. É o jogador da "câmera 1", como dizem... em TV.
2) O Dagoberto da torcida são-paulina: a maior parte dela se irrita quando Dagoberto perde a bola no ataque, olha para o céu lamentando, desce para amarrar as chuteiras, enquanto o time é contra-atacado sem que ele ajude no combate. Nos tempos de Muricy, o treinador olhava para um reserva assim que Dagoberto agachava para ajeitar o já ajeitado calçado.
3) O Dagoberto para os rivais: as defesas adversárias não nutrem um sentimento amistoso por ele, o que pode ser um bom indício de preocupação com sua habilidade. Mas a fama de simular faltas e de entrar em divididas com o pé mais alto não ajudam para sua "popularidade".
4) O Dagoberto nas internas: dizem que não é dos melhores amigos de Rogério, líder máximo do elenco, por muitos motivos já ditos aqui. E irrita parte da diretoria, por muitos motivos já ditos aqui.
A possível volta contra o Flamengo domingo, a possível parceria com Luis Fabiano e uma possível encostada do São Paulo na liderança seria uma boa chance para o jogador começar a aflorar um Dagoberto número 5.
E aí, Dagoberto? Fala um número de 1 a 5.


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