São Paulo, sexta-feira, 27 de outubro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

supermãe

Pai assume mamadeira, e Paula reforça a seleção

Quatro meses após o nascimento da filha, Mel, atacante vai ao Mundial de vôlei

Jogadora, que teve carreira interrompida no auge, deixa bebê com o marido para buscar a inédita medalha de ouro a partir de terça

Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
O jogador de handebol Alexandre Folhas, marido de Paula Pequeno, brinca com Mel e medalhas do casal em sua casa, em Osasco


MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Primeiro foi o susto. Paula Pequeno descobriu que estava grávida no auge da carreira. Titular da seleção e peça-chave no clube, viu a temporada ruir.
Depois, começou a fazer contas. Tinha pouco mais de um ano para cumprir a gestação, recuperar a forma e tentar encarar o maior desafio da sua carreira, o Mundial de vôlei.
Menos de três meses após ter Mel, a atacante surpreendeu a todos e foi convocada. Há uma semana, recebeu a notícia de que iria para o Japão.
Entre a convocação e a viagem, Paula, 24, precisou de muito treino para recuperar a forma, se entrosar com o time e, principalmente, conviver com a distância da filha.
Para isso, inverteu os papéis em casa. Enquanto ela busca o inédito ouro, o pai de Mel, Alexandre Folhas, 31, é quem comanda as fraldas e mamadeiras e rói as unhas de ansiedade.
"Quando soubemos da gravidez, planejamos tudo para que ela pudesse voltar", diz ele.
O marido de Paula é jogador de handebol do Pinheiros e da seleção. Ultimamente, divide o tempo entre treinos, jogos e a administração de uma empresa de marketing esportivo e de um site sobre o esporte e jogadores.
Para cuidar de Mel, montou um escritório na sala de casa. Também transfere para lá boa parte de suas reuniões. "Tenho uma pessoa que me ajuda, mas, quando estou com a agenda tranqüila, dispenso a babá", diz Folhas, que na semana passada passou pelo maior teste.
"Tive de levá-la ao pediatra e para tomar vacina. Ela fica mais chatinha, chora, mas deu tudo certo. Já dou banho, coisa que a Paula demorou para autorizar, troco fralda. Mas a patrulha das avós aumentou", brinca ele, também pai de Gustavo, 9.
Paula acabara de ser eleita a melhor jogadora do Grand Prix-2005 quando engravidou.
Ciente de que teria pouco tempo para se recuperar, a atacante cedeu a pouquíssimas tentações gastronômicas e jogou até os cinco meses. Cerca de 25 dias após o parto, normal, já estava de novo em quadra.
O torneio no Japão é o mais importante de sua carreira. Em 2002, ela foi ao Mundial com um grupo jovem, em meio à crise da seleção. Dois anos depois, uma lesão a tirou da Olimpíada.
Nos últimos meses, a ponta foi acompanhada de perto pela comissão técnica da seleção. "Ela se apresenta melhor a cada dia", elogia o técnico Zé Roberto, que cortou Valeskinha.
Durante o mês de treinos em Saquarema (RJ), Paula só teve a companhia da filha por duas semanas. "Era um ensaio para ela se acostumar", diz Folhas.
O jogador agora tenta se adaptar à distância. "Quem fica sofre mais. Estou ansioso."
As armas contra a saudade são a internet e uma webcam. "Tento não pensar muito [em Mel], mas é inevitável. Mas se ela está bem, também estou. Ele é um paizão", diz Paula. O pai-coruja começa a ser torcedor na terça, quando o Brasil estréia contra Porto Rico.


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Boa forma dita prazo pós-gravidez
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.