São Paulo, sexta-feira, 27 de outubro de 2006

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Dirigente do Palmeiras cria a auto-entrevista

Salvador Palaia pergunta e responde sobre o clube e diz que Marcelo Vilar fica

Diretor de futebol afirma que tem medo do risco de o time ser rebaixado de novo, porém acredita que isso não irá acontecer desta vez

PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Palmeiras inaugurou ontem, um dia depois de ser derrotado por seu maior rival no Brasileiro, um novo jeito de dar satisfações aos torcedores: a auto-entrevista.
Explica-se: o diretor de futebol do clube, Salvador Hugo Palaia, apareceu no centro de treinamento para responder a perguntas. Mas um único "repórter" foi autorizado a formular questões, o próprio Palaia.
Cercado por três seguranças e acompanhado do gerente de futebol Ilton José da Costa, o dirigente entrou na sala de imprensa e se posicionou em frente aos microfones. Mas logo foi avisando que faria "apenas um pronunciamento". E explicou: "Eu tenho aqui comigo algumas perguntas que sei que vocês fariam. Então já as selecionei e tenho as respostas".
Segurando umas poucas folhas de papel, nas quais estavam elencadas perguntas e respostas -algumas destacadas com caneta marca-texto- Palaia, a partir de então, começou a se entrevistar.
O cartola respondeu a questões que ele julgava pertinentes um dia após a derrota no clássico com o Corinthians (1 a 0).
Uma das perguntas dele para ele mesmo foi a respeito da permanência do técnico Marcelo Vilar no time principal.
"Uma pergunta que tenho certeza que vocês me fariam é sobre o Marcelo Vilar. Ele será mantido? Pois eu respondo. Digo que ele fica", disse Palaia, sempre seguindo o roteiro do papel que o guiava para depois olhar para câmeras e repórteres e responder como se as questões tivessem vindo deles.
"O Palmeiras será rebaixado?", continuou a se interrogar o dirigente. "Não. Tenho certeza que não. Tenho confiança no nosso departamento de futebol", rebatia logo em seguida, como se fosse outra pessoa.
Ao todo, Palaia respondeu a 11 questões que ele fez para si.
Além de rebaixamento e da manutenção do técnico, o diretor falou ainda sobre que nota daria ao elenco do Palmeiras -manteve o 5 dado por Emerson Leão, mas fez ressalva de que era numa escala "de 1 a 6".
Opinou sobre o medo de cair novamente para a Série B. Contou a respeito da pressão que sofre no cargo que exerce, elucidou que não há restrição para jogadores darem entrevistas e deu sua impressão até sobre a qualidade do clássico: "Gostei, mas foi mais ou menos".
A modalidade de auto-entrevista é mais uma tentativa de o dirigente minimizar os danos que tem causado com declarações polêmicas. Desde que mandou um cala-boca para Tite, o que causou o pedido de demissão do treinador, Palaia tem tentado não repetir a dose e aumentar a turbulência no clube.
Depois, o diretor ficou quase um mês sem dar entrevistas -atendeu a um pedido da cúpula palmeirense de evitar se expor- e contratou um consultor de comunicação para auxiliá-lo no trato com a imprensa.
Porém, ao voltar a falar em público, Palaia já criou novas saias-justas no Parque Antarctica. Na semana passada, jogou a responsabilidade de uma eventual queda para a segunda divisão para os jogadores.


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