São Paulo, sexta-feira, 27 de outubro de 2006 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FÁBIO SEIXAS Água morna
NO GRID, uma Ferrari em quarto, outra em quinto, a melhorzinha delas quase meio segundo atrás do pole position. Largada. Os carros vermelhos largam bem e engolem um oponente. Chegam os pits. Tudo corre bem, mas, logo depois, uma das Ferraris abandona: excesso de agressividade, bate no tal rival superado no início. A outra continua. Por pouco tempo. Onze voltas depois, uma fumacinha branca. O motor vai para o espaço, outro abandono. Fim de corrida. O vencedor cruza a linha de chegada com duas voltas de vantagem sobre o segundo. Fim de Mundial. A Ferrari é só a terceira nos Construtores. Assim, de maneira melancólica, a escuderia se despediu de 1995. Os pilotos eram Alesi e Berger. No GP seguinte, sentado num dos cockpits, havia um certo Schumacher. Que pouco a pouco foi juntando em torno de si engenheiros e técnicos vencedores dos anos anteriores, a turma do bicampeonato na Benetton. A partir daí, muito sacrifício para livrar a equipe de idiossincrasias e ranços e então vitórias, poles, recordes, títulos, títulos, títulos, a glória. E a aposentadoria. E o fim de mais uma era. E o princípio de outra. Que, pelo jeito como está começando, assemelha-se muito mais aos anos Alesi-Berger-Prost-Mansell-Larini-Capelli-Alboreto-e-quetais que ao período do alemão em Maranello. Não se trata de jogar água fria nas expectativas dos que se empolgaram com a vitória de Massa no domingo. Mas um pouco de água morna faz bem. Porque antes de começar a discutir sobre quem terá prioridades na Ferrari, é preciso analisar qual Ferrari ele e Raikkonen vão receber. Primeiro, foi Todt. O francês, que arquitetou com Schumacher a estrutura mais vencedora da história da F-1, foi promovido a CEO e, embora mantenha um pé na Gestione Sportiva, já começou a contagem regressiva para a despedida das pistas. A partir de quarta que vem, um italiano, Domenicali, ocupará formalmente o posto de diretor esportivo. E eis que ontem a Ferrari confirmou as saídas de Brawn, já noticiada pelo mundo em agosto, e de Martinelli, esta uma grande surpresa. A mudança é profunda. Enquanto Schumacher arrebatou a categoria empurrado por Todt, Brawn, Byrne e Martinelli, o duo Massa e Raikkonen terá que se virar com Domenicali, Almondo, Costa e Simon. Pode dar certo? Pode, a nova turma tem seus méritos. Mas é sintomático que tanta gente boa deixe o barco na hora do adeus do alemão. De quebra, as mudanças reduzem o poder de fogo de um dos maiores trunfos de Massa em Maranello, seu entrosamento com a velha equipe. Mais: não há como seguir a receita anterior e buscar no mercado os vencedores dos anos anteriores. O cenário é de dias difíceis pela frente. O que não implica fracasso, mas exige competência e brilho. Uma prova de fogo para o garoto que pelo menos no último domingo foi, sim, brilhante e competente. DOMINGO, 22 Ficaram o show de Schumacher, a comemoração expansiva mas recheada de declarações sóbrias de Massa e os rancores de Barrichello. TERÇA, 24 O encontro com Lula aconteceu nos conformes, ficou na homenagem, não caiu na politicagem. Mas Massa escorregou e caiu na história absurda de Guarulhos. Por que uma cidade construiria um autódromo sabendo que o retorno iria para o município vizinho, mais bem dotado de hotéis, restaurantes e serviços? Não é mais fácil recapear Interlagos? Só não entendi ainda por que o Ministério do Esporte encampou o "projeto". Quando entender, conto aqui. DOMINGO, 29 Rossi vai erguer o sexto título consecutivo na MotoGP. Pelamordedeus, que reação foi essa? fseixas@folhasp.com.br Texto Anterior: Acerto permite que obras na Marina da Glória sejam recomeçadas hoje Próximo Texto: O que ver na TV Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |