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todo-poderoso
Corinthians já revive megalomania
De volta à Série A, diretoria fala em conquistar até Libertadores, mas tem problemas financeiros e time sem teste real
Dos grandes rebaixados, só Grêmio ganhou o Brasileiro ou título internacional após retorno e não repetiu feito depois da segunda queda
EDUARDO ARRUDA
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Pouco após ser rebaixado à
Série B, o presidente corintiano, Andres Sanches, falava em
"mágoa", "mancha" e "time esculachado". Logo após confirmar a ascensão à Série A, na vitória contra o Ceará (2 a 0), anteontem, prometeu títulos
nunca antes conquistados pelo
clube, que julga ser o "maior".
"Sou a favor de tirar as estrelas e só deixar a do Mundial [o
escudo do clube tem cinco estrelas]. Deveria tirar as do Brasileiro. Porque vamos ganhar
muitos títulos, Libertadores...
E muitas estrelas vão até descaracterizar o uniforme", esbanjou o cartola corintiano.
O discurso de Andres lembra
o de Kia Joorabchian em 2005.
Naquela época, o então presidente da MSI pregava que o Corinthians se tornaria o "number one" [número um] e teria
sucesso internacional. De fato,
os corintianos ganharam um
Brasileiro, na elite, mas não
conseguiram êxito na Libertadores. Os problemas decorrentes da parceria mergulharam o
clube na crise que o levou a cair
para a Série B em 2007.
Uma diferença básica é que
Kia contava com muito dinheiro para alimentar a megalomania corintiana. Com Andres, a
situação é bem diferente.
Em 2008, o clube arrecadou
R$ 75,7 milhões até agosto. A
manter o ritmo atual, chega a
um valor em torno de R$ 115
milhões. Mais baixa do que a do
ano passado, é receita similar a
dos outros grandes clubes do
país, como Flamengo e Palmeiras, mas abaixo da do São Paulo, o que mais fatura.
Há uma perspectiva real de
aumento, com o crescimento
da cota de TV de R$ 24 milhões
a R$ 37 milhões. Mas isso também ocorrerá com os rivais.
"A receita de marketing já
cresceu bastante neste ano. Arrecadamos 10% a mais do que o
previsto no orçamento. Para o
próximo ano, deve crescer muito mais", afirmou o vice-presidente de marketing, Luiz Paulo
Rosenberg, ainda antes da ascensão à Série A.
Pesa sobre o Corinthians, dívida considerável, que ultrapassa R$ 100 milhões. E antecipações de receitas, que estrangulam o caixa a criam a necessidade de negociações de jogadores no final da temporada.
Os principais adversários da
Série A levam uma vantagem:
seus times já são competitivos
na elite do país. O Corinthians
vive uma incógnita nesta área.
"Tudo serve como parâmetro. Mas temos que saber o valor a cada parâmetro", afirmou
o técnico Mano Menezes, sobre
a avaliação da qualidade de seu
time pelo nível da Série B.
Na Segundona, o Corinthians
tem mais gols feitos e menos
tomados do que os cinco primeiros da Série A. Só que foi
bem pouco exigido, como mostram as 2,6 defesas que Felipe
faz por jogo, contra 4,4 defesas
de 2007, com o time rebaixado.
A avaliação é parcial, como
diz Mano. Mais esclarecedor é
o histórico dos times grandes
que voltaram da Segundona:
Grêmio, Fluminense, Botafogo,
Atlético-MG e Palmeiras.
Só o time do Sul voltou a ganhar títulos importantes. Após
o primeiro rebaixamento em
1991, graças a um inchaço do
campeonato, o time já ganhou
uma Libertadores, um Nacional e duas Copa do Brasil.
Mas, desde a sua segunda
queda, não venceu campeonatos expressivos, embora tenha
sido vice da Libertadores-2007
e lidere o atual Brasileiro.
"A volta do Corinthians é algo bom para o futebol brasileiro", disse Mano anteontem.
Quando assumiu o clube, em
dezembro do ano passado, foi
acometido pela megalomania:
"A volta do Corinthians é o
maior projeto do Brasil".
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