São Paulo, domingo, 27 de novembro de 2005

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FUTEBOL

Encontro realizado em hotel de luxo serve para ajudar time no Nacional

Mulheres se unem e põem ordem na casa corintiana

DA REPORTAGEM LOCAL

As mulheres chegam aos poucos para a reunião no amplo salão do luxuoso hotel paulistano. À mesa com belas toalhas e guardanapos de pano, o chá da tarde, recheado de quitutes fresquinhos. O papo animado avança a tarde.
A cena seria igual a um sem-número de encontros femininos não fosse por um detalhe: o objetivo daquelas mulheres era reforçar um time de futebol. Mais precisamente, o Corinthians.
A anfitriã do chá foi dona Elza, a mulher do técnico Antônio Lopes. Em suas andanças com o marido, a carioca percebeu que uma boa relação familiar pode operar verdadeiros milagres em uma equipe. E, no time do Parque São Jorge, que pode ser campeão brasileiro hoje, a constatação ganha respaldo. Da mulher do treinador à secretária do presidente do clube, da cabeleireira do atleta à nutricionista, a lista de coadjuvantes com papel importante na conquista soma dezenas de nomes.
"Quando chego nos clubes, eu procuro unir. Além de ser bom para o time, é bom para as mulheres. Eu faço a família corintiana, que vai desde a parente da estrela até a parente do massagista", afirma Elza Lopes, que reuniu em 8 de novembro 42 mulheres.
O ritual segue o mesmo protocolo desde 1992, quando organizou esse tipo de encontro enquanto Lopes treinava o Internacional, hoje rival do Corinthians na disputa pelo título. Elza distribui presentes às mulheres e faz palestras. E tudo por conta dela.
Elza deu atenção especial à mãe do meia Carlos Alberto, que recentemente passou por problemas emocionais que afetaram o rendimento do atleta em campo.
Além da ajuda da mãe, o jogador corintiano encontrou apoio em outra mulher para superar a má fase. Alcione Moreira, 26, faz a cabeça de Carlos Alberto.
Cabeleireira desde os 15, ela foi indicada ao meia, que queria fazer tranças no cabelo, há quatro meses. Foi até a concentração e, em pouco tempo, tornaram-se amigos. "Não o conhecia antes. Você sempre tem na cabeça a imagem da celebridade. Fiquei surpresa. Ele é divertido, simpático, dá atenção para todo mundo", declara Alcione, que toda semana tem de mudar o penteado de Carlos Alberto. Os que mais fizeram sucesso foram o "nega maluca" (torce camadas do cabelo e faz uns "birotinhos"), o preferido da mãe dele, e as tranças soltas, as favoritas dele. "Eu sou corintiana, mas sou meio desligada de futebol. Mas, se a gente pergunta do jogo, ele responde", conta.
No chá de Elza, a alimentação dos atletas também esteve em pauta. E nesse assunto a autoridade é a nutricionista Cristine Neves. Foi ela quem recebeu a palavra após a exposição da mulher de Lopes. Em todo início de ano, Cristine, que está desde 2000 no clube, monta um roteiro que é entregue à mãe, à mulher ou à empregada dos jogadores. A idéia é aproximar ao máximo o cardápio de atleta de sua realidade em casa e ganhar uma aliada.
Cristine conversa com essas mulheres periodicamente. Quando alguma delas pede, "dá um jeitinho" para adaptar o cardápio ao gosto do jogador. Cristine diz que esse grupo nunca deu trabalho e que todo mundo come de tudo.
Com a maratona de jogos, ela ministrou um suporte energético maior ao time, que inclui a ingestão de suplementos antes, durante e após treinos e jogos. (EDUARDO ARRUDA E MARIANA LAJOLO)


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