DA REPORTAGEM LOCAL

Até no esporte Nova Orleans corre o risco de ficar permanentemente marcada pela catastrófica passagem do furacão Katrina.
Depois de ver seus representantes nas duas principais ligas profissionais norte-americanas (NFL e NBA) serem obrigados a abrir suas temporadas longe de casa, atuando temporariamente em outros municípios, a cidade já pressente o risco de perder para sempre pelo menos um deles.
O time de basquete, os Hornets, está jogando em Oklahoma, mas já faz plano para voltar ainda nesta temporada a atuar em sua própria casa -pelo menos seis jogos.
Já o New Orleans Saints, equipe que disputa o campeonato de futebol americano profissional dos EUA, já trabalha com a hipótese de ser obrigado em 2006 a continuar a jogar longe do estádio Louisiana Superdome, que foi usado como abrigo para as vítimas do Katrina e que permanece sem condições de ser palco de uma partida. Mais: o time cogita até mesmo se mudar para outro Estado permanentemente.
Nesta temporada, os Saints têm dividido seus jogos como mandante entre San Antonio (Texas) e a vizinha Baton Rouge (na Louisiana), mas o dono da equipe, Tom Benson, tenta se mudar de vez para a cidade texana, que atualmente é a casa dos Spurs, time da NBA, mas que deseja há tempos se tornar a terceira cidade do Estado a abrigar um time de futebol americano -a NFL já tem o novato Houston Texans e o tradicional Dallas Cowboys.
A incerteza sobre o futuro da equipe em 2006 já começa a afetar indiretamente outras instituições.
Na última reunião entre proprietários dos times da NFL, o assunto foi discutido e o comissário da liga, Paul Tagliabue pediu paciência aos donos das demais franquias. "Existem muitas complicações nisso e acho que todos estão se empenhando ao máximo para resolvê-las."
Entre os próprios jogadores dos Saints, a falta de clareza com relação ao futuro da franquia já causa desconforto. Joe Horn, um dos principais astros do time, pediu uma definição rápida. "Pelo menos eles têm que resolver essa bagunça. Se vamos para o Texas, que seja seja de uma vez. Se vamos ficar na Louisiana, então façamos isso", cobrou o atleta.
Para tentar segurar o time na cidade, o governo da Louisiana já aceitou prorrogar o prazo do aluguel do Superdome para os Saints até 2007, sem discussão de valores. No entanto, apenas daqui a dois anos, segundo estimativas do Estado, é que o estádio terá realmente condições de voltar a ser utilizado para jogos.
Longe do Superdome, os Saints têm feito uma campanha pífia. Até esta rodada, a equipe, que ainda jogará mais três vezes como mandante (uma em San Antonio e duas em Baton Rouge), venceu apenas duas partidas e perdeu oito vezes no campeonato -vem de uma seqüência de seis derrotas seguidas, que tenta quebrar hoje contra o NY Jets. (PAULO GALDIERI)