São Paulo, sábado, 27 de novembro de 2010

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RITA SIZA

É preciso público


Se para os atletas é motivador o apoio dos fãs, para o negócio é fundamental para garantir receitas

A MAIOR parte das equipas da liga norte-americana de basquete, a NBA, decidiu manter ou baixar o preço dos ingressos para a presente temporada, atendendo à crise económica dos EUA.
Segundo a "Team Marketing Report", que faz a compilação da informação financeira das principais ligas do esporte americano, é uma quebra média de 2,5% -um número que é também a média da perda de espectadores por jogo. Este é o segundo ano consecutivo em que os preços baixam (a quebra, em 2009, foi maior, de 2,8%).
Ainda assim, veja-se quanto custa uma ida ao pavilhão: um bilhete para ver os campeões Los Angeles Lakers, US$ 95; para os New York Knicks, US$ 89; para os Boston Celtics, US$ 69; para os Chicago Bulls, US$ 64. Em Detroit, provavelmente a cidade mais deprimida que visitei nos EUA, uma entrada para o basquete custa US$ 43. O franchise com o preço mais barato é o dos Memphis Grizzlies, onde o preço médio dos bilhetes é de US$ 23.
Outros esportes, como o hóquei em gelo, o futebol americano e o beisebol, também revisaram sua política de ingressos. Os New York Mets foram uma das 18 equipas de beisebol a baixar os preços em 14%. Segundo o dirigente David Howard, dois factores concorreram para o corte: a fraca competitividade e os maus resultados do time nos últimos dois anos, que afastou os adeptos, e a situação económica do país, que forçou famílias a cortar nas despesas supérfluas.
O fenómeno esportivo é muito maior do que federações, franchises, clubes e grémios, mas a competição profissional não sobrevive sem público. Se para os jogadores é motivador contar com o apoio e entusiasmo dos seus fãs, para o negócio é fundamental para garantir receitas. Claro que existem outras fórmulas lucrativas que não passam pela ocupação das cadeiras dos estádios, mas até para negociar os direitos das transmissões televisivas há que assegurar uma base fiel de telespectadores.
É básico atrair o público para os eventos esportivos. No Brasil, onde aparentemente a assistência média nos estádios se fica pelos 40% da sua capacidade, estima-se que os preços dos ingressos venham a duplicar até a Copa. Os valores não são ainda exorbitantes, como são nos EUA, o que significa que há muita margem para crescer.
As idas aos estádios vão naturalmente aumentar quando estes proporcionarem maior conforto e segurança aos adeptos. As cidades devem cuidar das acessibilidades; as federações, assegurar a justiça e competitividade; os intervenientes, trabalhar pela qualidade e emoção do espectáculo. Tudo isso tem preço, mas convém que não seja demasiado alto.


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