São Paulo, segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

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SONINHA

"Serviço" x paixão


Não queremos só profissionais dedicados, queremos brilho nos olhos. Pode ser demais... Porém clássico é clássico!

NO FLA X FLU dos que adoram x os que detestam os Estaduais, sou do time dos primeiros. Gosto das rivalidades locais; de ver os times do interior enfrentando os grandes da capital.
De Juventus x Noroeste na Rua Javari. Da contagem dos títulos ao longo da história. Dos pequenos tabus e da memória das grandes finais.
Mas é uma pena que inventem tantas fórmulas horríveis (conseguiram estragar a do Carioca, que era das mais bacanas); que os times aceitem jogar em horários estúpidos (espero que a moda das 11h não pegue no Brasileiro); que algumas equipes só existam enquanto o campeonato durar. E o Estadual começa quando os times ainda estão desentrosados, e os jogadores, fora de forma; mesmo assim, acaba valendo como um vestibular para a temporada, e técnicos e jogadores às vezes tomam pau sem ter uma chance real de mostrar a que vieram.
Ainda não acabou (devo me perguntar se gosto mesmo dos Estaduais?). Mesmo invocando o charme, a tradição, a disputa de posições com os grandes rivais, é difícil esperar que o Palmeiras entre em campo com uma faca nos dentes para enfrentar o Mirassol. Haja motivação.
Todo adversário merece respeito, etc. e tal, mas não dá para escapar do óbvio da situação. Se o time ""rico" ganhar, grande coisa. Se empatar ou perder, é péssimo. A menos que o time grande esteja arrasando quem vem pela frente -ou que o adversário seja a sensação do campeonato e estejam todos de olho-, ele entra em campo para apenas ""cumprir o dever". É pouco. (O Mirassol jogou bem e mereceu tirar a graça do sábado alviverde. O Palmeiras não empatou por falta de motivação, mas ela estava em campo, embaçando o brilho que poderia ter.)
Certo, os jogadores têm de ser ""profissionais" e se dedicar ao serviço onde quer que estejam. Mas não é só o que queremos deles, queremos paixão. Se em algumas rodadas é difícil o torcedor senti-la em toda sua pulsão, assim o é para técnicos e jogadores. Mesmo querendo muito tirar o Palmeiras da fila, conseguiria Luxemburgo vibrar tanto em Barueri quanto na Vila Belmiro?
Os clássicos têm o que todo mundo quer, a tal rivalidade, comparações, duelo entre os técnicos, caras conhecidas dos dois lados. E o verdadeiro respeito pelo adversário.
Mas nem sempre vem o grande jogo, justamente por causa disso...
Não foi o caso de ontem, apesar do 0 a 0. A partida foi movimentada, disputada, com marcação aplicada do começo ao fim e um número razoável de sustos dos dois lados. Difícil saber quem tinha mais vontade de fazer um gol, Acosta ou Dagoberto, Adriano ou Dentinho. O velho Tanque fez o seu; estou com Muricy Ramalho e a bandeirinha: não o anularia. Os dois jogadores sobem juntos tentando tirar o adversário da jogada; William perdeu a disputa e a bola. Em lance idêntico em que fosse ele o atacante e Adriano o zagueiro, eu não daria pênalti. Para o São Paulo, o jogo era mais uma etapa na reorganização do time para 2008. Para o Corinthians, um ensaio de até onde pode chegar. O tricolor talvez tire alguma conclusão aproveitável sobre o melhor lugar para Richarlyson (não é o de ontem). O alvinegro pode se animar: parece estar surgindo um time.

soninha.folha@uol.com.br


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