São Paulo, quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

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RÉGIS ANDAKU

Argentina 10 x 1 Brasil

Uma legião consistente garante vitória à Argentina; por aqui, se este ou aquele perde, nada temos a fazer

ERA O PRINCIPAL torneio em casa, no saibro, mais uma vez disputado no tradicional Buenos Aires Lawn Tennis Club.<
O tempo ajudava, e, em quadra, os tenistas locais pareciam prontos para fazer sua parte. Mesmo com a dificuldade em entender essas novas regras, esse sistema novo da ATP, que mistura chave eliminatória com "round robin" e mais outra chave, a torcida sabia que tudo começava bem: das 4 vagas do qualifying, 3 eram conquistadas por argentinos (Diego Junqueira, Juan Pablo Brzezicki e Carlos Berlocq, precisamente).
Mesmo quando a chave principal começou, com uma eliminatória simples para definir os grupos, e esses três tenistas foram eliminados, a torcida não viu seu maior e mais esperado torneio perder a graça: Guillermo Cañas e Diego Hartfield, ambos bons tenistas locais, classificados sem precisar passar pelo qualifying, venceram e avançaram. Deu-se então início à fase "round robin", com todos os tenistas jogando contra todos os outros no grupo antes de voltar à chave eliminatória com os quadrifinalistas definidos.
O maior favorito da casa, David Nalbandian, top ten e para quem a festa foi armada, decepcionou e perdeu seus dois jogos. Gastón Gaudio, ex-campeão de Roland Garros, e Agustín Calleri, outro favorito local, sucumbiram às dores e abandonaram o torneio. Para piorar, Jose Acasuso, Sergio Roitman, Martin Vassalo-Arguello e Cañas também ficaram pelo caminho nessa fase. E, pasme, mesmo assim, a festa em casa ainda não havia acabado para o tênis argentino. Dos oito finalistas, que passaram à disputa no mata-mata, ainda havia três locais.
Nem quando o mais querido deles, Juan Ignacio Chela, perdeu, nas quartas, a torcida se viu órfã. Quando o jovem Diego Hartfield caiu nas semifinais para o inexpressivo italiano Alessio di Mauro, houve, sim, uma lamentação. Mas apenas porque a final não seria argentina. Na decisão, no dia seguinte, Juan Monaco, argentino de 22 anos, nascido em Buenos Aires, conquistava, para delírio da torcida local, seu primeiro título de ATP Tour. Do primeiro jogo do qualifying à entrega do troféu por Gabriela Sabatini e Guillermo Vilas para Monaco, o torcedor argentino se viu representado e muito bem representado.
Um cenário muito diferente do que temos por aqui. Se tanto, o brasileiro tem duas ou três esperanças -se tanto. Por que estamos tão atrás de nossos vizinhos? Todos sabemos, mas parecemos fingir ignorar. Talvez seja a hora de começar a pensar, com humildade.
Nesta semana, a torcida brasileira tem apenas um compatriota para torcer no ATP Tour -o "veterano" Gustavo Kuerten. Os argentinos, dez. Enquanto eles ocupam seu tempo torcendo por bons tenistas locais, nós temos tempo de sobra para pensar por que nós somos ou estamos tão piores.

AINDA LÁ
Até nas duplas a Argentina fez a festa: Martin Garcia e Sebastian Prieto, especialistas, venceram.

EM JOINVILLE
A segunda etapa do Circuito Unimed vai até domingo no Joinville Tênis Clube, nas categorias 12, 14, 16 e 18 anos, masculino e feminino.

OUTRO LADO
Apesar de a coluna não ter atribuído alguns dos problemas no Torneio da Costa dos Sauípe à promotora, a Koch Tavares diz não ter responsabilidade sobre a hospedagem. "Houve alterações de hospedagem do estafe, já previstas no planejamento. Se houve algum inconveniente a alguém para acompanhar o evento, isso não diz respeito à Koch Tavares, que sempre primou pela qualidade e excelência de seus eventos", diz nota à coluna.

reandaku@uol.com.br


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