São Paulo, domingo, 28 de fevereiro de 2010

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Pouca concorrência antecipa vagas na equipe de vela

Após disputa contra só um rival na Pré-Olímpica, atletas de duas classes se classificam com 4 regatas de antecedência

Custo de barcos, preparação tecnicamente difícil e nova geração são algumas das explicações para pequeno número de competidores

FERNANDO ITOKAZU
DA REPORTAGEM LOCAL

Competição que define a equipe brasileira de vela de 2010, a Pré-Olímpica termina hoje no lago Paranoá, em Brasília, mas para algumas classes a disputa já acabou há dois dias.
A vela é a modalidade que mais medalhas conquistou para o Brasil na história olímpica (16 contra 15 do judô), mas a disputa para a formação de um grupo que irá receber apoio para a preparação para Londres-2012 teve três das dez classes com apenas dois concorrentes.
Com isso, Jorge Zarif na finn e Fernanda Oliveira e Ana Luísa Barbachan na 470, que faziam uma disputa barco a barco, garantiram suas vagas já na sexta-feira, depois de sete vitórias em sete das 11 regatas.
As vagas são definidas na combinação dos resultados do Campeonato Brasileiro -com exceção da star, que levou em consideração o Mundial- com as regatas em Brasília.
Zarif, Fernanda e Ana Luísa são também campeões brasileiros e não poderiam mais ser alcançados, mesmo que não entrassem mais na água.
"Estou surpreso com o meu desempenho. No Brasileiro, ganhei apenas no desempate", afirmou Zarif, 17, que, mesmo com a vaga, disse que continuaria competindo no Paranoá.
Postura diferente das velejadoras do 470. "Agora nem vamos entrar na água", afirmou Fernanda. "A disputa com dois barcos fica um pouco diferente", disse a medalhista de bronze em Pequim-2008, referindo-se a Martine Grael e Isabel Swan, sua parceira na China.
As explicações para a pequena procura em algumas classes em Brasília variam muito.
"Infelizmente, o custo para aquisição de alguns barcos acaba dificultando", disse o coordenador técnico da CBVM (Confederação Brasileira de Vela e Motor), Walter Böddener. "Precisamos aumentar a flotilha. Para isso, precisamos construir barcos no Brasil."
A esperança do dirigente é que, com a Olimpíada do Rio-16, a busca por recursos para essa finalidade seja mais fácil.
Fernanda Oliveira acrescenta que, no caso específico da 470, trata-se de uma classe muito técnica que requer uma preparação muito boa.
Além do bronze conquistado na China, a velejadora já tem experiência em outras duas Olimpíadas, mas não acha que seu currículo vitorioso possa afastar possíveis concorrentes.
Sua proeira, Ana Luísa Barbachan, com quem acertou parceria em 2008, tem opinião um pouco diferente. "Acho que pode afastar um pouco sim."
Ricardo Winicki, o Bimba, aponta outro fator para enfrentar apenas seu pupilo Albert Carvalho na RS:X.
"Está vindo uma nova geração, que teve competição no mês passado e fica caro ficar competindo", afirmou Bimba, que citou outro pupilo, Renato Amaral, terceiro no Brasileiro.
"Ele começou a fazer faculdade, cuja mensalidade é R$ 500. E preferiu guardar o dinheiro a vir para cá", disse ele.
Jorge Zarif conta que no Brasileiro teve que enfrentar 24 concorrentes. Na Pré-Olímpica, três se inscreveram, mas um não conseguiu disputar o primeiro dia. "São poucos profissionais no Brasil. Nem todo mundo consegue uma liberação de terça a sexta."


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